29.3.07

- Sem fotos dessa vez. Preguiça!

- Mais um filme... filme?

- Agonia e Glória, 1980
Samuel Fuller

Assistir a filmes ruins é uma tarefa pedagógica, pois assim vamos aprendendo a distinguir aqueles que são uma merda dos que não são. Obviamente, Agonia e Glória faz parte do pouco seleto primeiro grupo, não sem motivos.

Vou começar pela história, que na verdade não existe. É basicamente assim: Segunda Guerra Mundial Resumida Em Menos de 3 Horas. É isso que o diretor-roteirista-ex-combatente quis fazer. Ele simplesmente acompanha os mesmos soldados no início, meio e fim da guerra. O que inevitavelmente faz tudo ficar acelerado demais, não permitindo espaço para nenhum desevolvimento mais profundo de personagens e até mesmo de certas situações interessantes.

Quando reparei nos efeitos especiais e na fotografia, fiquei constrangido. Pensei em dar algum crédito por ser um filme de 1980, mas aí me lembro que obras-primas como Nascido Para Matar, Apocalypse Now e Platoon são mais ou menos dessa época. Eis a diferença de nomes como Kubrick, Coppola e Oliver Stone para nomes como o de Samuel Fuller. Por Deus, o filme mostra uma invasão americana no norte da África, na Sicilia e "Omaha Beach" no Dia D e todas parecem ser no mesmo lugar, os cenários são praticamente iguais. As cenas de batalha são bizarras, muito mal feitas. As mortes chegam até a ser pateticamente engraçadas em alguns momentos.

Outra coisa que incomoda muito é o festival de maniqueísmos forçadíssimos. Os americanos são humanizados, capazes de realizar atos heróicos, nobres e anti-belicistas. Já os alemães, pelo menos a maioria, são animais, capazes de matar até um membro da prórpia família se esse ousar falar mal de Hitler. Ah, sim, o fato de os alemães falaram entre si em inglês, assim como os franceses, colabora pra que esse seja um dos piores filmes de guerra que já vi na vida.

O que o salva de ser uma bosta completa são a competente, na medida do possível, atuação do experiente Lee Marvin e a última frase dita no filme: "Sobreviver é a única glória na guerra". No mais... argh!

Nota: 43


- Dr. Fantástico,
1964
Stanley Kubrick

Sabe aquele tipo de filme que todo mundo acha excelente, mas você não consegue entender porque? Pois é o que acontece comigo em relação a esse filme de Kubrick. No rotten tomatoes ele tem uma avaliação de 100% fresh e uma nota 9.2. No IMDB ele é considerado pelos usuários o vigésimo melhor filme do mundo. E eu penso: CACETE, deve ter alguma coisa errada com esse pessoal. Ok, eu sei q o filme foi feito no periodo da guerra-fria e que é uma puta critica satirica contra ela, o que mostra mais uma vez a coragem de Kubrick. Mas pra mim, isso não basta. Teoricamente, Dr. Fantástico é uma comédia, mas esse tipo de comédia "intelectual", política e com um pouco de humor negro, não me fez rir em quase nenhum momento. Minto, vez ou outra eu dava um meio sorriso, pois existem certas ironias bem feitas e atuação do Petter Selles é muito boa, principalmente no papel do Dr. Strangelove, mas no mais o que eu mais senti foi sono. E não é bom sentir sono numa comédia, não é mesmo?

Nota: 60

27.3.07

- Tentando algo diferente. Post com mais coisas.


- Sim, vi uns filminhos e vou comenta-los.


- Um Bom Ano, 2006
Ridley Scott

Um filme que nós já vimos algumas vezes. Aquela coisa do personagem que num primeiro momento parece ser arrogante, metido, sem muitas virtudes, mas que depois de certos acontecimentos inesperados sua vida muda e ele alcança um tipo de redenção. Um Bom Ano não foge disso, e ele não se preocupa em adicionar praticamente nenhum elemento novo nessa comédia romântica, que vale a pena pois é uma oportunidade única de vermos o GLADIADOR Russel Crowe tentando fazer piadinhas, e ele até se sai bem. Um ponto positivo é que o filme passa voando, graças a segura -mas nada surpreendente- direção de Ridley Scott.

Nota: 71


- Serpentes a Bordo,
2006
David R. Ellis

oh, thats good news...
snakes on crack!

Quem acha que esse filme é pra ser levado a sério deve estar louco. Vi muita gente reclamando que as cobras não pareciam ser reais quando atacavam as pessoas... pelo amor de deus, esse não é o ponto do filme. O ponto dele é apenas fazer um terror assustadoramente engraçado. O que importa é saber como vai acontecer o próximo ataque das cobrinhas... Se formos pensar racionalmente o filme tudo perde a graça. O esquema é relaxar, morbidamente observar as pessoas recebendo picadas nos lugares mais inesperados e doloridos possíveis e curtir os dialogos, principalmente quando Samuel L. Jackson se transforma em Jules, seu personagem em Pulp Fiction.


Nota: 76



20.3.07

.filmes.

Candy, 2006
Neil Armfield

- Quando você pode parar, você não quer.
Quando você quer parar, você não consegue.

Mais um filme cujo assunto principal gira em torno das drogas e dos viciados. Não há nada de novo aqui, nada que não tenhamos visto em filmes muito melhores, como Réquiem para um Sonho e Trainspotting, por exemplo. Mas mesmo assim, ele merece ser assistido. Talvez pela cena inicial, dentro de um parque de diversões. O casal do filme entra num brinquedo que gira velozmente, e acompanhamos o primeiro plano como se fosse numa camera lenta, e ao som de uma música de Tim Buckley (pai de Jeff Buckley), só que cantanda por uma mulher. Mas ele com certeza merece ser assistido por causa de uma cena muito forte, que envolve uma gravidez.

No mais, faltou ousadia, faltaram surpresas. Sobraram cenas em que simplesmente não conseguimos compreender as atitudes das personagens, principalmente as de Candy. O filme é teoricamente dividido em três partes: CÉU, TERRA E INFERNO. Mas elas não são muito diferentes. Se o roteirista fez essa divisão levando em conta a intensidade dos fatos...ele cometeu um erro., já que em todss acontecem coisas relativamente boas e coisas fortes e pesadas. Resumindo: dispensavelmente bom.


Nota: 66


19.3.07

A Dama na Água, 2006
M. Night Shyamalan

Fui assistir ao último filme de Shyamalan com muita boa vontade. Eu queria gostar do que eu ia ver, pois além do diretor ser um dos meus preferidos, A Dama na Água conta com Paul Giammati, um ator que vem surpreendendo cada vez mais com atuações brilhantes. Pois é, eu queria... e não consegui. Aliás, pra mim foi tudo tão decepcionante, que o filme conquistou um lugar de destaque na lista dos piores filmes que já assisti.

Logo que o filme se inicia já somos informados que tudo vai se tratar de uma fábula. Então, temos que deixar o bom senso de lado, não pensar em inverossimelhanças ou em furos do roteiro. Temos que nos concentrar nas qualidades que o filme possui e aproveita-lo. O que acaba sendo uma tarefa herculea.

A história é uma porcaria: Uma narf, habitante do "mundo azul", resolve sair do seu mundo para inspirar um humano a continuar escrevendo seu livro, que vai influenciar um futuro presidente dos Eua. Mas ela é impedida de voltar pro seu mundo por um malvado STRUNT... o Sr Heep deve ajuda-la, juntamente com seus inquilinos.

Shyamalan tenta se defender de algumas formas. Primeiro dizendo que o roteiro foi baseado numa história de ninar que ele fez para seu próprio filho. O que ele quer é q nós sintamos a criança dentro de nós. Pra ele, essa seria a forma de se aproveitar o filme... olha, ele errou. Duvido que alguma criança possa gostar de A Dama da Agua. Outra maneira de se defender, foi de incluir na história um critico de cinema, que é extremamente arrogante e não atrai a simpatia de ninguém. Shyamalan cria falas agressivas para o personagem, como se um crítico só servisse para malhar trabalhos de alguém que ele não goste. Claro que isso acontece muitas vezes, mas com certeza é a minoria.

O diretor sempre foi marcado por ser alguém que sabe contar uma história. O que não foi diferente aqui, mas sem dúvida foi seu trabalho mais fraco. Seus ângulos de camera originais e suas tomadas um pouco mais longas que o normal estão presentes, mas dessa vez não acrescentam muita coisa, sendo algo feito apenas para manter o estilo que o deixou famoso.

Clichês, reviravoltas exageradas e previsiveis, querer fazer o público de burro, querer convencer como ator, conseguir fazer com que Paul Giammati ficasse meio apagado... são alguns dos motivos que fazem A Dama da Agua ser uma BOMBA.


Nota: 35

18.3.07

.filmes.

Cartas de Iwo Jima, 2006
Clint Eastwood

- BANZAI!

Em filmes de guerra americanos, os inimigos -sejam eles alemães, japoneses ou vietnamitas- são quase sempre retratados como assassinos impiedosos, o que faz com que haja o BEM (EUA) e o MAL (OUTROS), naquele velho maniqueísmo forçado.

Clint Eastwood filmou simultaneamente A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima. Enquanto naquele o diretor mostra os acontecimentos no ponto de vista americano, neste ele dá cara e coração aos soldados japoneses. Ninguém está ali para matar a sua sede de sangue, mas sim para cumprir ordens de defender uma posição, caso contrário ficarão marcados por covardia, o que ninguém quer.

Com uma fotografia praticamente sem cores, bem dessaturada, Cartas de Iwo Jima segue a moda lançada por O Resgate do Soldado Ryan, que também foi usada pela espetacular série Brand of Brothers. Talvez Clint fez isso para homenagear filmes antigos, já que em alguns momentos parece que estamos vendo um filme em preto e branco.

Os aficcionados por tiros, explosões e sangue podem acabar se decepcionando. Apesar das cenas de batalha serem extremamente bem feitas, elas são raras, pois o filme se concentra num cunho pessoal, no sentimento dos japoneses sobre a guerra e sobre o fato deles não terem chance alguma. É brilhante a cena em que vemos diversos soldados amedrontados dentro de uma caverna escutando bombas serem jogadas sobre suas cabeças.

Cartas de Iwo Jima pode não ser uma obra-prima, como muitos vem afirmando. Mas é um filme de guerra artistico sincero e corajoso. Palmas para Clint Eastwood, que mostra que é um dos melhores diretores em atividade. Que ele continue fazendo bons filmes. O cinema agradace.

Nota: 87

15.3.07

.filmes.

Brick - A Ponta de um Crime, 2006
Ryan Johnson

Wow!

É muito bom ver um filme de um diretor que sabe o que está fazendo. O estreante Ryan Johson domina Brick do começo ao fim, e com um ambicioso e corajoso exercício de estilo, ele faz com que nos sintamos sugados pelo ar noir-moderno-colegial que o filme tem. Essa mistura -noir e adolescentes- pode parecer estranha, mas o fato é que ela foi tão bem feita que quase nada parece absurdo.

Na primeira cena vemos o cadaver de uma garota e Brendan a contempla triste e incredulamente. Ele decide descobrir quem foi o responsável e com ajuda de seu amigo The Brain começa uma investigação própria.

As investigações são muito interessantes, com várias descobertas surpreendentes, algumas reviravoltas, encontros inesperados, diálogos bem trabalhados... bem no clima noir, com várias pequenas homenagens a esse tão cultuado estilo.

Falando em homenagem, vou passar pra cá um diálogo muito bom:
- Você lê Tolkien?
- O que?
- Tolkien, dos Hobbits
- Sim
- As descrições dele são muito boas, faz com que nos sintamos lá

Os primeiros 30 minutos foram mágicos pra mim. Fiquei totalmente hipnotizado graças a fotografia excelente, aos ângulos criativos e a trilha sonora como a muito tempo eu não ouvia. O filme vai caindo de qualidade aos poucos, fica meio arrastado por algum tempo, e depois se recupera. Mas mesmo quando ele é arrastado existem cenas fantásticas. Enfim, foi uma surpresa pra mim, pois nunca tinha ouvido falar dele.


Nota: 79

12.3.07

.filmes.

A Rainha, 2006
Stephen Frears

O talentoso diretor Stephen Frears utiliza um ritmo agradável e fluente para contar a história de A Rainha, o que faz com que jamais sintamos tédio em acompanhar a vida da família real inglesa. Tudo começa com a nomeação de Tony Blair ao cargo de primeiro-ministro, seguindo com a fatídica morte da princesa de Gales, Diana, alvo de intermináveis perseguições dos paparazzi. A rainha Elizabeth parece não se abalar muito com a perda da "princesa do povo", o que inevitavelmente acaba atrapalhando sua popularidade e até mesmo ameaçando a instituição da monarquia.

Provavelmente nenhum diálogo do filme realmente aconteceu, mas eles nunca soam improváveis, na verdade é bem o oposto disso.

Helen Mirren alcança seu auge como atriz interpretando esse difícil papel, que ela foi capaz de humanizar nobremente. Mirren sempre consegue passar o fato de que ela é a Rainha, alguém experiente e importante, mas também consegue demonstrar uma certa angustia e um certo pesar reprimidos da personagem.

Apesar de sem dúvida ser acima da média, A Rainha não consegue entrar nas listas das obrigatoriedades do cinema, pois em nenhum momento provoca algum tipo de reação mais exaltada em quem assiste. Ninguém vai perder o controle emocional, assim como Elizabeth.


Nota: 80

9.3.07

.filmes.

Smokin Aces, 2007
Joe Carnahan

Eis aqui um daqueles casos que o diretor tem um bom material na mão mas acaba se perdendo. Não sei como Joe Carnahan conseguiu errar a mão assim, pois o seu trabalho anterior, Narc, é um excelente filme policial. Talvez a explicação esteja no fato dele querer parecer Quentin Tarantino e Guy Ritchie e não conseguir. Não conseguiu pois exagerou demais no estilozinho forçadamente cool, e também por apresentar vários personagens (alguns bem interessantes) e não aprofunda-los nem um pouco.

Apesar de alguns bons dialogos, o filme é uma bagunça só. A história eh uma besteira nada original, um ex-mafioso decide deletar seus ex-companheiros e aí entram em cena diversos matadores de aluguel, com a missão de apagar o cara, ou algo assim.

Smokin Aces só é interessante na hora da pancadaria. É sangue pra todo o lado, no melhor estilo Kill Bill e Cães de Aluguel. Com uma reviravolta que queria ser surpreendente o filme chega ao seu final sem dizer a que veio. 2007 começou mal.


Nota: 58

6.3.07

.filmes.

Happy Feet - O Pinguim, 2006
George Miller

Aproveitando o sucesso do documentário A Marcha dos Pinguins, Happy Feet dá personalidade aos pinguins imperadores e cria uma historinha envolvendo eles. Para conquistar o sexo oposto e acasalar, os pinguins devem cantar para os outros. Devido a um contratempo quando era apenas um ovo, Mano nasce diferente dos demais. Ele não possui uma "canção interior", pois é bem desafinado, porém ele dança como ninguém. É um verdadeiro pé de valsa mirim, como aquele garotinho Billy Elliot, do filme com o mesmo o nome. Só que isso faz com que os outros o evitem e dificulta as suas chances de aproximar de Glória, sua paixão.

Com um ritmo bem veloz e com várias músicas, parecendo quase um desenho-musical, o ponto forte do filme na verdade são as criticas a sociedade em geral que aparecem de várias formas, alegoricamente, como quando Mano é excluido do seu grupo e acaba encontrando abrigo com o grupo vizinho cujo sotaque é latino, do outro lado da "fronteira" ou de um jeito mais panfletário,(porém eficiente até certo ponto) quando retrata o aquecimento global, a pesca predatória e a poluição que através das correntes marítimas acaba na antartida.

Num momento especifico, Happy Feet chega numa "rua" com dois caminhos. O da direita é aquela coisa bem hollywood, bem disney e o da esquerda seria algo sombrio, tenso, mas verdadeiro. Claro que o filme pegou o caminho mais fácil, mas tudo bem, já que é um desenho feito pra crianças, mas se ele tivesse ido pelo outro... seria uma obra-prima.

Nota: 76