31.1.08

a mighty heart

* O Preço da Coragem, 2007
Michael Winterbottom

Muitas vezes vemos notícias trágicas em jornais e acabamos não pensando muito sobre o assunto. Lemos que um jovem foi assassinado num crime relacionado ao tráfico. Ás vezes pensamos: Nossa, que triste. Mas aí já vamos para a parte de esportes e esquecemos. Quantas vezes já não lemos sobre atentados terroristas no oriente-médio? Será que de tantas notícias desse tipo a violência não acabou se banalizando um pouco na nossa mente? Convivemos com tantas injustiças que passamos a não nos importar muito com coisas que acontecem aos outros, com raras exceções. O que o diretor Michael Winterbottom faz em O Preço da Coragem é nos colocar dentro de uma manchete -neste caso, Reporter americano é degolado- e nos chocar e deprimir com o seu conteúdo.

Esse filme mostra os acontecimentos relacionados a morte do jornalista americano Daniel Pearl, enquanto fazia uma matéria no Paquistão, poucos meses após o atentado do 11 de setembro. Eu me lembro de ter lido sobre um jornalista assassinado no Paquistão, mas lembro de não ter ficado muito comovido na época. Depois de ver o filme fiquei com vontade de levar flores para o caixão de Danny e de mostrar toda a minha admiração para com a viuva que ele deixou, Marianne. Michael Winterbottom foi extremamente competente em mostrar todo esse episódio de uma forma quase que documental(basicamente da mesma maneira que fez com o ótimo Caminho para Guantanamo), o que contribuiu para a urgência da situação, que a cada instante parecia mais impossível de ser resolvida, apesar de fiapos de esperança que brotavam após as primeiras comunicações dos sequestradores.

Há uma cena interessante, em que observamos as reações das pessoas vendo a fita do assassinato de Daniel, mas não vemos o video em si. Werner Herzog utilizou da mesma técnica em seu filme O Homem Urso. Escolha acertada de ambos. Já que seria no minimo desrespeitoso mostrar as tais cenas. Também devo mencionar um interrogatório feito com um dos organizadores do sequestro, que disse que Daniel foi morto pelo simples fato de ser americano. Eis que o agente da CID pergunta: Que muçulmano você acha que é? É só um lembrete para aqueles que gostam de generalizar e chamar todos os muçulmanos de terroristas.

Finalizando, é um filme dificil que realmente me abalou, tanto pela morte de Daniel e como forma que certos jornalistas trataram essa barbárie, tentando polemizar e arrancar frases sensacionalistas dos envolvidos, como na entrevista que Marianne concedeu a um jornalista mais preocupado em ganhar alguma publicidade do que fazer seu trabalho de uma forma honrada e honesta. Marianne demonstrou sobriedade, dignidade e altruismo, calando de maneira exemplar o "jornalista" e me fazendo ter a certeza que esse título em inglês deve ser relacionado a ela... mighty heart, de fato.

30.1.08

american gangster

* O Gângster, 2007
Ridley Scott


É inegável que o diretor Ridley Scott tem muitas qualidades. Para confirmar isso basta usarmos a memória e relembrar de alguns de seus trabalhos mais antigos: Blade Runner, Alien, Thelma e Louise. São excelentes filmes, que mostram que alem de competente, Ridley Scott sabe trabalhar diversos assuntos. Vocês talvez estejam achando que esqueci de mencionar "Gladiador", mas não esqueci. Apesar de ser um filme vencedor de oscar, considero ele um filme bem meia boca. O fato é que ele estava visilvemente perdendo o rumo com um filme de tiros que consegue ser chato(Falcão Negro em Perigo), um filme que queria ser épico, mas não foi(Cruzada) e finalmente um romancezinho cliche(Um Bom Ano). Já estava na hora de voltar a ser o velho Ridley Scott e ainda bem, foi o que aconteceu. O Gângster é um dos melhores filmes da sua carreira e um dos melhores filmes do gênero dos últimos tempos.

Quando alguem me fala em filmes de gângsters o que me vem a cabeca a principio são: Podereso Chefão 1 e 2 e Os Bons Companheiros. Além, é claro, do seriado Familia Soprano. Esses são clássicos. Num patamar mais baixo temos bons filmes como Donnie Brasco, Desafio do no Bronx e etc. O Gangster foi tão supreendentemente bom, que para mim fica logo abaixo desses clássicos e bem acima desses outros bons filmes.

Aqui acompanhamos a história de Frank Lucas. Sua ascensão e sua decadência. Frank Lucas não chamou a atenção de muita gente no inicio de sua investida no mundo do tráfico. Talvez por ser um mero motorista, ou talvez por ser negro. Só que ele é um cara competente, que não mede esforços para conseguir o que quer. Se ele vai fazer algo, vai fazer bem feito. Ele vai até o vietnã para comprar a mais pura cocaina. Ele ganha respeito dos outros tomando atitudes drásticas. Assim vai conquistando as ruas e os viciados.

Também há o policial Richie Roberts, que ficou marcado negativamente por devolver 1 milhão de doláres que apreendeu numa batida. Ele é um policial limpo, honesto. A lá o nosso Capitão Nascimento, mas sem tão efusivo.

O Gangster é um filme um tanto longo, mas não consigo pensar em nenhuma cena totalmente inutil. A subtrama do policial com a sua ex mulher pode ser desnecessária para o coração da história, mas foi uma boa maneira de desenvolver o personagem. Assim como em Tropa de Elite, vemos o lado corrupto da policia. Alguns traficantes só fazem o serviço graças a colaboração de policiais que exigem uma porcentagem do lucro. Em o Gangster é uma quantidade muito grande de policiais corrupto e assim como Frank Lucas pensou, eu penso: Não adianta muita coisa um traficante importante como ele ser preso, pois sempre vai haver mais um para substitui-lo. É uma engranagem, é basicamente um moto-continuo, infelizmente. Mas se formos pensar assim o mundo seria mais caótico do que já é.

Ridley Scott deixa a história fluir de uma maneira agradavel, jamais sendo cansativo. O filme ganha em intensidade no ato final, para fechar com chave de ouro o melhor trabalho do diretor em anos.

28.1.08

the assassination of jesse james...

* O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, 2007
Andrew Dominik


De fato esse titulo é um grande spoiler para a cena mais importante do filme, mas ao contrário do que se imagina, isso não interfere em nada o impacto da tal cena, assim como do resto das 2 horas e 40 minutos de uma das mais estupendas experiências visuais do ano, graças ao diretor de fotografia Roger Deakins, cuja genialidade já proporcionou trabalhos fantásticos como aqueles realizados em "Soldado Anônimo", "Onde os Fracos Não Tem Vez", "O Homem que Não Estava Lá" e etc. Em o Jesse James, ele, juntamente com o diretor Andre Dominik, se aproveita dos cenários naturais do Canadá para criar um filme contemplativo, com uma atmosfera um tanto trágica.



Outro destaque fica para a dupla atores. Brad Pitt mostra que vem melhorando com o tempo, conferindo muito altivez ao personagem Jesse James, além de certos momentos de fraqueza emocional, sem parecer forçado, o que desmistifica um pouco o "herói-bandido". E claro, Casey Affleck. Que coisa impressionante ele conseguiu fazer. Ele interpreta Rob Ford, um jovem que idolatra Jesse James. Graças as expressões de Casey Affleck, a admiração passa a ser quase que um amor platônico.

Enfim, é basicamente um western de arte, que vai afastar o público mais interessado em bang-bang e outros clichês do gênero. Eis aqui um filme sério, que segue sem pressa e com uma qualidade acima do normal, até o seu final catártico.


Nota: 89

27.1.08

the great debaters

* The Great Debaters, 2007
Denzel Washington

The Great Debaters nos apresenta quatro histórias principais no decorrer dos seus 120 minutos: A equipe de debate da universidade Wiley-Texas e seus confrontos contra outras universidades, a questão da segregação racial nos Estados Unidos, mostrar um pouco da vida de Melvin Tolson, famoso por aquelas bandas, e também mostrar a relação entre um pai e um filho.

Creio que são muitos assuntos para serem desenvolvidos satisfatóriamente em pouco tempo. Acaba que o filme deixa de lado certos pontos que eu julguei importantes, para se focar justamente numa competição de debate. Na verdade, isso era esperado, visto o nome do filme, mas será que foi o mais certo a se fazer?

Estudamos no colégio e já vimos em vários filmes como era dificil ser negro nos Estados Unidos no inicio do século passado, principalmente no sul do pais, como o estado do Texas, onde se passa a história. Aqui o preconceito dos brancos para com os negros é mostrado das mais variadas formas, vemos um banco permitido apenas para os brancos, vemos a opressão do xerife local para com os negros e também há uma cena com um nível de tensão muito alto, na qual James Farmer, e seu filho Junior são humilhados por fazendeiros brancos. Neste momento Denzel Washington consegue mostrar um certo talento atras das câmeras, o que não ocorre com frequência no resto do filme, já que ele apela para alguns clichês e utiliza a camera lenta sem muito propósito.

Junior fica desapontado com o seu pai, por não ter conseguido encarar os seus opressores. Afinal, quem gostaria de ver o seu pai impotente numa certa situação? Mesmo sabendo que não havia muitas coisas a se fazer, Junior tem a imagem do pai como um herói, alguém importante, que não poderia se rebaixar a tal ponto. Mas Farmer terá sua chance de redenção.

Junior é um dos integrantes da equipe de debate. O professor é Melvin Tolson, que dá aulas de retórica. É interessante, um time de debate. Uma discussão é sempre algo estimulante, pois deve ser feita uma pesquisa em fontes confiáveis para se encontrar argumentos fortes. E a pessoa que está debatendo tem que saber usar as palavras de uma forma capaz de comover o público. As cenas do filme mostrando essas "guerras cujas armas são as palavras" são bem interessantes, mas parando para pensar sobre os outros acontecimentos do filme, chegamos a conclusão que tais armas não são capazes de vencer a luta da discriminação racial.

Ainda hoje temos que nos curvar a lei do mais forte. Geralmente o mais forte é quem tem uma arma... de fogo, no caso. Afinal, algum argumento é capaz de impedir um ladrão de fazer o seu serviço? As vezes até pode acontecer, mas não na maioria dos casos. Saber discutir é interessante e convencer os outros com bons argumentos é melhor do que impor a força, mas são poucas as situações em que isso pode ser aplicado na sociedade em que vivemos, onde o que manda geralmente é o poder e o dinheiro.

26.1.08

live free or die hard

* Duro de Matar 4.0, 2007
Len Wiseman

Acho que já estamos todos saturados daqueles tipos de filmes policiais ou de ação, nos quais o enredo é simples e segue quase sempre um mesmo padrão: Há um bandido bad-boy fazendo coisas feias, geralmente com um teor megalomaniaco e há um policial que apanha como um condenado, mas jamais desiste de capturar o bandido, por mais difícil que seja, nunca olhando espelho e se perguntando se o seu salário vale todo esse sacrificio. Geralmente esse policial está acompanhado por um cidadão que na maioria das vezes não é muito corajoso, servindo como um alivio cômico, mas que possui algum tipo de habilidade necessária para que o caso seja resolvido e o dia seja salvo.

Duro de Matar 4.0 não foge disso. John McClane volta a ativa e terá que salvar os Estados Unidos de uma "Queima Total", alguma coisa feita por uns hackers com a capacidade de levar o pais ao caos. Mas McClane tem que proteger um hacker do bem, o Matt, pois ele pode fazer com que isso pare!

Ok, né? Meio que tosco, certo? Mas aí que tá. Apesar dessa historinha boba o filme cumpre o seu papel de divertir o público. Apesar de seguir essa linha clichê dos filmes de ação, ele consegue uma pitada de originalidade quando faz McClane passar pelas situações mais improvaveis, perigosas e interessantes possíveis. O bom senso não faz parte de tais cenas, mas quem não gosta de ver um helicoptero sendo destruido por um carro, ou um policial (McClane? Sim!) subindo em cima de um avião em movimento pra botar tudo pra baixo! Além de tais cenas, que já valem o ingresso, temos um Bruce Willis inspirado e que visivelmente se diverte enquanto arranca o cabelo de uma Chun Lee e solta um "Uhuuu!!!". O ator que faz o hacker do bem tem um timming cômico muito bom também, funcionando bem como o ponto de equilibrio para o herói. Claro, ele não é um Shia Lebouf, mas tem talento.

Bom senso no lixo, mente aberta and its all about having fun! Relax.

25.1.08

the simpsons movie.

Os Simpsons - O Filme

Os Simpsons é algo legendário. É um dos programas que há mais tempo sobrevive na televisão. O porque desse sucesso não é tão dificil descobrir: personagens engraçados, vários tipos de humor e diversas criticas sociais e politicas, que jamais soam panfletárias, e colaboram para que sempre tenhamos um desenho que reflete a atualidade, geralmente de forma irônica.

Será que tudo isso daria certo no cinema? A resposta é positiva, ainda que com ressalvas. Os Simpsons obviamente é um filme divertido, com vários momentos inspiradissimos, como aqueles que fazem referências cômicas a Titanic e Prison Break(essa um tanto sutil). Além, é claro de um personagem muito simpático e roliço, capaz de andar no teto da casa e de poder possuir diversos tipos de penteados.

Tudo que há no seriado, também se faz presente no filme. As piadas de teor racial, religioso e social seguem firmes, sem medo. Temos uma metalinguagem na primeira cena do filme, quando os simpsons estão em um cinema assistindo a um filme da dupla Comichão e Coçadinha, e nosso herói Homer se levanta, olha para a platéia e diz: Vocês são burros de pagar por algo que podem ver de graça na TV. Aproveito para me juntar a Homer e fazer esse mesmo comentário para com Os Simpsons. É um filme engraçado, mas que nada mais é do que um bom episódio mais longo do que o normal.

24.1.08

the kingdom.

* O Reino, 2007
Peter Berg

Peter Berg está a cada novo filme confirmando que é um diretor meia-boca. Será que lhe faltam qualidades ou será que ele escolhe mal alguns roteiros que dirige? Tem gente que gosta do filme "Friday Night Lights". Eu não sou um desses. Mas gosto bastante da série, cujo piloto foi dirigido por ele, alem de ter escrito a maioria dos episódios.

Mas vamos falar do Reino. É um filme ruim? Sim! É horrível ao ponto de merecer ter todas suas copias queimadas? Não! O filme começa bem promissor, fazendo um resuminho sobre as relações entre os EUA e alguns paises muçulmanos, relação essa baseada no petróleo, é claro. Logo depois, temos um ataque terrorista a uma região americana que fica dentro da Arabia Saudita. WOW. Meu interesse crescia progressivamente. O problema é que apartir dai o filme desanda e começa a tomar o rumo do buraco. Eu explico porque.

Os Estados Unidos decidem enviar para o lugar um time do FBI composto por quatro pessoas, cujas funções especificas eu ainda não compreendi direito, mas eles tem a missão de descobrir quem está por trás do atentado terrorista. Tirando o personagem vivido por Jamie Foxx, o resto não convence de forma alguma como agentes do FBI. Parece uma brincadeira de mau gosto acreditar que uma investigação tão importante está nas mãos de pessoas que não passam nenhuma confiança ou imponencia que um agente do FBI geralmente tem. O que acontece aqui parece mais uma ida a um parque de diversões ou a uma lan-house para um jogo de CS. Há tiros e piadas. Geralmente piadas toscas. Quando o filme parece que está ganhando ares de sobriedade, lá vem uma piadinha infame para estragar tudo.

E as investigações para tentar achar o culpado? Deus. Parece que o roteirista de O Reino nunca viu um filme policial bom na vida. É uma enrolação sem tamanho. Parece que eles estão indo do nada a lugar nenhum, e quando conseguem algo é extramemente repentino, sem coerência, com evidencias parecendo coisa de criança, literalmente.

As cenas de ação são as poucas coisas interessantes do filme, mas com ressalvas. O ataque terrorista, como já falei, é filmado de um jeito bem competente e até mesmo assustador. Mas o resto é basicamente uma repetição. E a insistencia do diretor pela camera tremida e pelo excesso de cortes deixa tudo pouco elegante e chato.

Os muçulmanos, como é de praxe em filmes americanos, são representados de uma forma bem caricatural, assim: "eles são loucos fanáticos sem propósitos, querem apenas nos matar, nós, pobres e bondosos americanos". Mas têm uma cena legalzinha que mostra um muçulmano normal, fazendo suas preces para Alah e não tendo nenhuma bomba presa ao corpo. Claro que esse muçulmano bonzinho é justamente o que faz amizade e ajuda os americanos. Que surpresa!

Temos aqui ótimos atores, uma ótima trilha sonora, que acredito eu, é feita pela banda instrumental explosions in the sky, a mesma de friday night lights. Infelizmente só isso não bastou para o salvamento do filme.

23.1.08

away from her

* Longe Dela, 2006
Sarah Polley

O mal de alzheimer provavelmente nunca foi tão bem trabalhado no cinema como nesse filme de estréia de Sarah Polley na direção. Não temos aqui algo que puxe para a tragédia, nem que seja caricatural. É um filme honesto que com muita sensibilidade consegue transmitir todo os problemas que essa doença pode causar para o doente e também para as pessoas que o cercam.

O filme começa mostrando um casal mais idoso tendo um jantar. Eles estão felizes, aproveitando o momento, mas quando Fiona coloca uma frigideira dentro do freezer -numa cena dirigida de uma forma bem sutil e competente- percebemos que há algo de errado.

Grant, o marido, vai sofrendo cada vez mais. Ambos os atores são fantásticos ao mostrar toda a dificuldade que provem da doença. Não é só a mulher que está doente. O marido adoece junto e ele precisa de uma boa dose de altruismo para não piorar as coisas.

Eles decidem que o melhor a fazer é muda-la para uma casa de reabilitação, apesar da seperação. E é nesse local que temos provavelmente a melhor cena do filme. Ela pode parecer um pouquinho piegas, mas é algo real. Grant está sentado numa poltrona observando a sala de visitas do "asilo". A sala está cheia, os idosos estão recebendo seus familiares. Há sorrisos, barulho. Mas aos poucos as pessoas vão indo embora, menos os velinhos, que ficam com a cara mais desolada possivel.

22.1.08

no country for old men, pela segunda vez.

* Onde Os Fracos Não Tem Vez, 2007
Irmãos Coen

Já fazia alguns dias que eu planejava rever Onde os Fracos... e finalmente consegui. Devo confessar, o que já tinha sido uma experiência incrivel, se tornou ainda melhor. Senti que precisava escrever mais algumas coisinhas sobre o filme.

Onde Os Fracos Não Tem Vez é um filme que tem a capacidade de deixar qualquer ser humano absorto num transe viciante. Você fica hipnotizado com o que está acontecendo, e adivinhe, quer sempre mais.

Existem certos diretores que tem estilo próprio, quer dizer, quando você vê um filme de Tarantino, você sabe que é ele sem mesmo ver os créditos. Quando você um PTA, é fácil reconhece-lo. Os irmãos Coen também ficam nesse patamar. Eles são diretores que fogem do convencional, sem apelar para algo fantasioso. Eles usam uma história relativamente comum, mas a apresentam sempre com originalidade, fazendo o interesse de quem assiste aumentar cada vez mais.

Nessa adaptação do livro de Cormac McCarthy, acompanhamos os atos de três pessoas, completamente diferentes uma das outras. Temos um BOM, um MAU e um.... feio? Não. Não segue(no titulo) o mesmo prisma da obra-prima de Sergio Leone. O terceiro personagem é um homem como a maioria, que transita pela fina linha que separa o certo do errado, geralmente para cuidar dos seus próprios interesses. Esse personagem é representando com uma competente intensidade pelo ex-goonie Josh Brolin. Enquanto caçava veados ele encontra 2 milhões de dólares num local onde houve uma negociação envolvendo drogas que deu errado. Mas é um dinheiro maldito, e quem está ferozmente atrás dele é o total bad-ass Anton Chigurh, interpretado por Javier Bardem.

Anton Chigurh é mal. É perigoso. Ele sabe como agir. Sabe onde procurar sua presa, sabe como fazer e não tem medo de atacar. Javier Bardem consegue assustar sem precisar fazer caretas ou gritar, coisas que acabam transformando vilões em algo caricatural. Não. Ele imprime muita altivez e classe ao personagem, que fala manso e com convicção antes de executar sua próxima vítima e isso o deixa mais aterrorizante do que já seria só pelo seu penteado.

O filme se resume nisso. Uma perseguição infinita. O gato e o rato. Papaléguas e coiote. Mas é um trabalho dos irmãos Coen. Temos vários minutos sem diálogos algum, e as cenas são eletrizantes, cheias de tensão. Uma tensão angustiante. Sabemos que a qualquer momento ALGUMA COISA pode acontecer, mas temos que passar por essa espera, que serve para valorizar o BUM.

Finalmente, um filme basicamente sem falhas, com um final em aberto que pode não agradar alguns, mas que no ponto de visto era o melhor a se fazer.

21.1.08

the brave one.

* Valente, 2007
Neil Jordan

É interessante ver um filme discutindo ou pelo menos apresentando um assunto bem atual com competência. Não é raro encontrarmos em jornais noticias como essas: Um motorista bebado atropela e mata uma criança, populares que presenciaram o fato se revoltam e o espancam até a morte. Um ladrão invade uma casa, ameaça a dona, mas é surpreendido pelo filho da mulher, que acaba matando-o.

Sim, esse é um dos temas que esse novo filme do Neil Jordan, fazer justiça com as próprias mãos é algo certo?

Erica Bain está prestes a se casar com David. Eles vivem um amor bem intenso e estão felizes, pois logo poderão compartilhar das coisas boas que o casamento tras. Parecia um dia como outro qualquer, quando eles decidem levar o cão para um passeio no central park. Só que esse passeio vai mudar a vida de Erica para sempre. Os dois são atacados por bandidos que acabam matando David e deixando Erica em coma.

Erica se recupera fisicamente, mas não psicologicamente. Com bastante qualidade, Neil Jordan consegue transmitir o medo que Erica passou a ter. O trauma do assassinato do futuro marido está presente em todo o lugar que ela vai. Erica fica insegura até mesmo no hall de entrada de seu prédio, e quando está na rua, os passos que ouvem parecem de alguém querendo persegui-la.

Ela está com tanto medo que decide comprar uma arma. Mas ai ela decide dar um basta. CHEGA. Ela não vai mais admitir se sentir impotente na presença de bandidos. Ela virou uma Justiceira, buscando o prazer da vingança.

Assunto complicado. Será que podemos julgar quem deve e quem não deve morrer? O programa de rádio comandado por Erica abre espaço para os ouvintes discutirem isso, e tudo acaba se resumindo em dois argumentos: Um Justiceiro faz um favor para outras pessoas, livrando-as de malfeitores. E um justiceiro é tão mal quanto os que ele mata, e alem de tudo pode acabar matando alguém que não mereça.

Existe uma certa personagem um tanto irritante, a vizinha de Erica, que acaba funcionando como um grilo falante, é consciência de Erica tentando averiguar o que é o certo e o que é errado.

Um filme que trabalhou bem essa questão toda é o Tempo de Matar, no qual o personagem de Samuel L. Jackson decide matar os assassinos de sua filha e nesse caso, ele ganhou o respaldo da justiça, ao não ser condenado a prisão.

E nesse caso, a justiça está representada pelo Detetive Mercer, interpretado pelo cada vez mais brilhante Terrence Howard.

Um bom filme malhado pela critica, que talvez tenha se decepcionando com o final, que acabou indo na contra-mão do que estava se desenhando, e isso não é um "twist", mas sim uma grande falha do roteiro, que deve ter alegrado uma pessoa, o lendário John Doe, de Seven.

20.1.08

saneamento básico

* Saneamento Básico, 2007
Jorge Furtado

Jorge Furtado é um cara que admiro. Tanto pelo seus roteiros, como pela forma eficiente que ele dirige seus filmes. Confesso que me decepcionei um pouco com seu penúltimo trabalho, Meu Tio Matou Um Cara, mas agora, com Saneamento Básico ele recuperou o prestígio.

Antes mesmo de o filme começar ouvimos a voz de Fernanda Torres falando com o público, dizendo que ainda existem cadeiras vagas e falando alguma coisa sobre um casal de namorados. É uma cena que deve garantir risadas num cinema, mas será que não é um tipo de brincadeira com o fato de filmes nacionais não terem tanta repercussão na bilheteria? Quando um filme nacional não tem tanto marketing geralmente a sala fica vazia com um ou outro casal de namorado perdido, mais interessados um no outro do que está se passando na tela.

Numa cidade do interior do rio grande do sul, a comunidade se une para reinvidicar uma grana para a construção de uma fossa num arroio, para tentar diminuir o mal cheiro que provem do local. Eles não conseguem o dinheiro, mas o que eles podem tentar é participar de um projeto que irá dar ao vencedor 10 mil reais. O projeto é criar um filme de ficção.

E é isso. Mais um filme cuja a história é "um filme dentro do filme". Mas creio que aqui ela é trabalhada de uma forma mais original de que a maioria, garantindo vários momentos de diversão.

As 4 pessoas que decidem levar esse projeto para frente não entendem basicamente nada de cinema. A começar pela construção do roteiro. O filme nos mostra a dificuldade que pessoas inexperientes tem para escrever um roteiro, pelo simples desencontro com o tipo de linguagem, afinal, escrever um roteiro não é o mesmo que escrever um romance. Enquanto um personagem escreve no roteiro algo como: "Silene sente o aroma das flores", outro reflete sobre isso, como que vamos filmar alguém sentindo um aroma? Ou também, como filmar o pensamento de outro personagem?

Existe espaço também para leves criticas à forma que são feito os filmes, como quando um personagem reclama que o seu nome aparece apenas como colaborador, e não como o roteirista, e este recebe como resposta: Pô, você não fez nada, só inventou a história.
Outra interessante é quando é dito que eles não precisariam sair do interior e ir para Porto Alegre para fazer sucesso.

O que fica para mim, além das risadas proporcionadas pela falta de experiencia dos cineastas-wannabe, que têm várias duvidas na hora de escrever o roteiro e não sabem atuar com o minimo de veracidade, é uma certa ingenuidade encantadora dos 4 personagens, que não medem esforços e não se abatem quando as coisas dão errado, claro que eles estão impulsionados pelo dinheiro que será entregue ao vencedor do projeto, mas chega um momento que percebemos que eles de fato se apaioxonaram pelo o que estavam fazendo, e fica um tipo de mensagem aos cineastas independentes que tem por ai: não desistam, se o "O Monstro do Fosso" pode virar filme, pq não a sua idéia?



the lookout

* O Vigia, 2007
Scott Frank

Eis aqui um pequeno thriller que poderia ter sido mais ousado. A premissa é fantástica. Logo no começo vemos 4 adolescentes num carro indo a toda velocidade por uma estrada escura, claro, já sabemos que vem problema pela frente. E ele não demora muito a chegar. Acontece um acidente gravissimo, que resulta em dois mortos e deixa sérias sequelas em Chris, o garoto que estava atras do volante. Chris era um rapaz com um grande futuro pela frente. Ele era do time de hoquei da sua escola e parecia ser admirado por todos, até pelos alunos mais velho. O acidente provoca uma lesão em seu cerebro, que acaba alterando toda a sua vida. Agora ele esquece de coisa simples, como tirar a chave da ignição do carro antes de fecha-lo ou o nome de uma pessoa que acaba de conhecer. Ele nunca se lembra dessas coisas, e para tentar diminuir o problema, Chris utiliza um caderno de anotações, que nem sempre consegue salva-lo de certas situações.

O fato é que de um garoto promossior, Chris passa a ser um simples zelador em um banco, trabalhando em horário noturno e ganhando mal. Até que ele recebe uma proposta para tentar mudar isso tudo, mas não é algo que virá de graça, afinal "para ter o poder, precisamos de grana" e... qual o local que serve para guardar o dindin? pois é, o banco!

Enfim, O VIGIA é um filme realizado com bastante competencia, ele contem bons momentos de tensão, devido ao roubo do banco. Temos um tipo de neo-noir aqui, oq é interessante. Mas acredito que o filme peca por deixar a condição de Chris em segundo plano num dado momento. De qualquer forma, o ator Joseph Gordon-Levitt é muito bom e consegue transmitir bem todo o sentimento de culpa por ter praticamente assassinado seus amigos e causado um grave problema na sua namorada.

19.1.08

o ano em que meus pais sairam de férias

- um filme brasileiro decente que não tem como tema o tráfico e seus derivados. muita gente boa esteve envolvida nesse projeto, que virou um filme bem realizado, com tudo no seu devido lugar, que jamais fica chato, mas que, infelizmente, jamais emociona. o filme não tem um climax, e certos fatos que foram feitos para chocar, acabam não representando muita coisa.
acredito que ele é mais um ode ao futebol brasileiro do q qualquer outra coisa. a questão da ditadura do brasil é muito mal trabalha, não há medo no ar, tirando uma ou outra cena. porém, quem tem uns 45 anos anos para cima vai gostar muito, vai se sentir nostálgico ao se lembrar da copa de 1970 e o brasil do tri, com pelé e tostão. mas isso é pouco para um filme merecer ser indicado ao oscar... ou, hj em dia, talvez não, basta ter um marketing forte, e parece que é oq O Ano Em Que Meus Pais Sairam de Férias é: um produto muito bem comercializado.

ocean´s 13

- nossa, eu estava reparando em posts antigos e fiquei surpreendido pela quantidade de erros de portugûes q eu cometi, hahaha... mas é que eu nunca releio oq eu escrevo, vai tudo de primeira, ai dá isso. mas, q se foda néam.

- só para nao deixar passar, um pequenissimo comentário a respeito do último filme que assisti:

- 13 Homens e um novo segredo, 2007
Steven Soderbergh

Não é um filme ruim, ele possui tiradas verdadeiramente engraçadas, com várias cenas bem escritas que proporcionam momentos de diversão que valem o ingresso, tudo isso com a participação de grandes estrelas do cinema, como al pacino, george clooney, brad pitt e matt damon, porém a temática dessa franquia já encheu o saco, está tudo muito repetitivo, e o detalhe é que aqui a execução do plano parece tão fácil, não fazendo jus a toda expectativa de dificuldade que foi criada na apresentação do alvo a ser conquistado. Um filme totalmente desnecessario, mas que ainda assim contem momentos interessantes, graças a competencia do elenco.

17.1.08

control.

* Control, 2007
Anton Corbijn


2007 foi definitivamente um ano produtivo no cinema. Tanto em Hollywood como na Europa. Control é mais um filme do velho continente que pode ser considerado um dos grandes filmes do ano. O diretor Anton Corbijn tinha um excelente material nas mãos, pois a história de vida Ian Curtis é uma das mais interessantes do rock e além disso, Deborah Curtis ex mulher de Ian, é a produtora e ajudou o roteiro a ser desenvolvido, o que faz o filme ser bem confiável.

Ian Curtis é uma lenda, e com certeza a banda Joy Division não seria tão cultuada se ele não tivesse cometido suicido. As vezes até dá para pensar que ele planejou isso tudo, um sucesso meteórico e um fim mais bombástico ainda.


O roteiro é basicamente uma biografia de Ian Curtis, um artista atormentado, excessivamente introvertido. O ator Sam Riley consegue scaptar essa atmosfera depressiva de Curtis com muita eficiência, o que colabora também é a excelente direção de Anton Corbijn que opta pelo preto e branco, o que deixa Manchester mais cinza ainda, refletindo o estado espirito de Curtis.

As vezes ficamos com raiva da frieza de Ian, principalmente em relação a sua filha e sua mulher, mas ele era assim, simplesmente.

É muito interessante observar as influências que ele teve espalhadas pelo filme, como David Bowie, Lou Reed e até mesmo um show do Sex Pistols.

Com a evolução do seu quadro de epilepsia e o possivel divorcio Ian Curtis fica cada vez pior, culminando com seu suicido, tão bem retratado aqui.


Nota: 86

breach

* Quebra de Confiança, 2007
Billy Ray

Quebra de Confiança é baseado em eventos reais, algo que quando bem trabalhado sempre se torna interessante, já que os personagens foram ou são pessoas de verdade. Aqui, logo na primeira cena somos informados da prisão de Robert Hanssen, um homem que trabalhava no FBI e que foi um dos maiores espiões americanos de todos os tempos, vendendo informações importantes aos Soviéticos em plena guerra-fria e depois dela.

Após essa cena, o filme volta no tempo por dois meses, exatamente quando a captura de Robert começa a tomar forma. O FBI entrega ao jovem policial, aspirante a agente, Eric ONeall a tarefa de observar Robert e reportar tudo para os superiores. A principio, Eric é apenas informado que Robert é um maniaco sexual, nada mais que isso. O jovem policial até desdenha da missão, por acha-la simplória demais.

Eric conhece Robert e com o tempo passa a respeita-lo e até admira-lo, por vários motivos: Robert vai a igreja todos os dias, é amado pelos seus netos, pela sua mulher, não bebe, não usa drogas e faz o seu trabalho como ninguém. É apartir desse início de sindrome de estocolmo que a agente do fbi Kate Burroughs fala para Eric sobre toda a traição ao pais cometida por Robert.


Nós sabemos que Robert vai ser pego, mas não sabemos como, já que ele é um excelente profissional e tem um desconfiometro fantástico. Muitas vezes a fotografia do filme o faz aparecer mais no escuro, envolto em sombras, talvez para fazer dele alguém misterioso.

Chris Cooper é realmente a alma do filme. Ele cria um vilão muito interessante, capaz de nos fazer sentir compaixão, as vezes pena e medo. Alias, Cooper trabalha tão bem, com tanta sobriedade que achamos dificil de aceitar o fato que ele foi pego pelo personagem interpretado pelo competente, mas longe de ser genial, Ryan Phillipp.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a direção do novato Billy Ray. Ele proporciona enquadramentos bem elegantes, sem se utilizar de exercicios de estilo, algo simples e eficiente, que contribue para que o filme flua num ritmo bem natural e ficando tenso nos momentos necessários.

Enfim, dos filmes inteligentes de 2007, o meu preferido, suplantando Jogos do Poder e Conduta de Risco.

Nota: 85

16.1.08

charlie wilson´s war

* Jogos do Poder, 2007
Mike Nichols

Esse filme concorreu ao globo de ouro na categoria melhor filme comédia/musical, algo que não estou de acordo. Obviamente, ele não é um musical e nem uma comédia propriamente dita. O que temos aqui é uma sátira politica de qualidade, cujo roteiro foi feito por um cara competente chamado Aaron Sorkin, responsável pela cultuada série política The West Wing, pelo filme Questão de Honra e também pela aclamada série Studio 60, que foi um dos destaques do ano passado, principalmente pelo roteiro inteligente.

Anos 80, periodo da guerra-fria entre os EUA e a União Soviética. O personagem principal, Charlie Wilson, trabalha no congresso americano e tenta convecer os politicos a liberarem mais dinheiro para a CIA treinar os afegãos na luta contra os soviéticos, que haviam invadido e conquistado seu país.

Charlie Wilson a princípio não estava muito interessado nessa luta, mesmo sendo uma demonstração de poder dos comunistas. Isso muda quando ele faz uma visita ao presidente do Paquistão, que clama por uma ajuda mais substancial dos americanos. Charlie só se comove quando é apresentado a um campo de refugiados afegãos, que sairam de sua terra natal para evitar o sofrimento nas mãos dos russos. Esse é um dos poucos momentos mais sérios do filme. Que momento! O diretor Mike Nichols foi habilidoso ao mostrar todo o desespero dos afegãos e de uma forma bem contundente, principalmente quando somos apresentados a duas crianças que perderam seus membros graças a uma bomba. O plano aberto apresentando todo o imenso tamanho do lugar também é digno de nota. Assim como Charlie, ficamos comovidos.

O fato é que o filme puxa mais para a sátira, geralmente com uma critica embutida, como quando acompanhamos os políticos tomarem decisões importantes, que podem levar a morte de muitas pessoas, tomando whisky em meio a banhos de banheira acompanhados por strippers e equivalentes.

No mais, Jogos do Poder merece ser visto, ainda que com certas ressalvas, pois aqui há uma linha bem tênue entre a sátira e a seriedade, e o filme não se decide em qual lado ficar.

Destaque para a atuação de Philip Seymour Hoffman. Esse cara é sinistro. Não importa o papel que ele faça, sempre está seguro de si e sempre sabe cativar o público.

15.1.08

shoot em up

* Mandando Bala, 2007
Michael Davies


Close fechadissímo no rosto de um homem. Ele tem um olhar sério, um tanto bad-ass. A câmera abre um pouco. Vemos o mesmo homem mordendo uma cenoura. Minutos depois ele impede o assassinato de um bebe e acaba tendo que protege-lo o resto do filme.

Dá para notar que estamos diante de um filme que não é para ser levado a sério. A história é uma bobagem sem tamanho e o que importa mesmo são as cenas de ação, o humor negro e o exercício de estilo de alguns personagens. Hmmm, alguém ai pensou no Tarantino pós Jackie Brown? Pois é. A diferença é que o diretor Michael Davies não tem 5% da categoria do Tarantino.


Mandando Bala brinca com filmes de ação e policial, exagerando vários clichês que ainda são comuns nesses gêneros hoje em dia. Existem também algumas refêrencias políticas, quase sempre temperadas com criticas levemente acidas.

Obviamente o carro-chefe são as cenas de ação, que são coreografadas das formas mais incoerentes possíveis, indo contra o bom senso e contra as leis física e é aí que está a diversão. Uma diversão sem compromisso, com muito sangue e com uma trilha sonora empolgante.

Pena que o filme se torna um tanto repetitivo e acaba ficando chato, mesmo tendo uma duração tão curta. Existem cenas realmente inspiradas, como quando o personagem de Clive Owen desconta sua raiva em um motorista que dirige de uma forma capaz de irritar qualquer ser humano normal. Mas no geral é um filme desnecessário, um tanto sem alma e que poderia ter manchado as ascendentes carreiras de Paul Giamatti e Clive Owen, o que por pouco não aconteceu.



Nota: 69

14.1.08

o caçador de pipas

* O Caçador de Pipas, 2007
Marc Forster


Havia muita expectativa em cima da adaptação do livro de Khaled Hosseini para as telas do cinema, já que é um best-seller admirado em todos os cantos do globo. O diretor Marc Forster foi escolhido para comandar o filme, o que a primeira vista me pareceu uma escolha bem acertada, afinal ele se saiu muito bem em Em Busca da Terra do Nunca, conseguindo transmitir uma carga emocional muito grande, de uma forma verdadeira e natural, coisas necessárias também em O Caçador de Pipas, mas que, infelizmente, ele não teve o mesmo êxito em desenvolver.

O filme está longe de ter o mesmo impacto do livro. Isso é algo comum em adaptações, todo mundo sabe que na grande maioria das vezes o livro é muito superior ao filme, só que aqui a diferença é abissal. Creio que isso é mais mérito do escritor do que demérito do diretor e do roteirista. O fato é que o filme parece uma novela, com tudo acontecendo muito rápido, de um jeito episódico mesmo. Muitas passagens do livro me deixaram perturbado, sem fôlego, e essas mesmas passagens transformadas em cenas não passaram nem 10% da emoção.

Mas existem coisas boas, é claro. A relação de amizade entre Amir e Hassan está presente de uma forma bem satisfatória, graças ao talento dos atores mirins, principalmente ao garoto que faz Hassan. Ele tem um olhar de um sábio que não sabe que é inteligente, ou é humilde demais para admitir. Alias, o ponto alto do filme é mostrar com maestria toda a dedicação que Hassan tem para com Amir. A lealdade daquele é simplesmente comovente.

Merecem destaques também a trilha sonora e as cenas envolvendo pipas. Mas, eu esperava muito mais. Será que Sam Mendes teria feito um trabalho melhor?


Nota: 79

11.1.08

once

Once, 2007
John Carney

Bom, não tô muito afim de escrever, mas ai vai. Esse filme irlandês é simplesmente fantástico. É um músical, mas não é aquela coisa piegas que tem um cidadão cantando em toda cena que canta quando quer pedir licensa para ir ao banheiro ou para comprar um jornal, não. ONCE é um verdadeiro musical moderno. Não é uma superprodução com vários números musicais, cheios de figurantes, com cenários complexos e figurinos pomposos. Temos aqui um um filme com música e com uma história de amor que quase chega a ser um conto de falta, devido a uma certa ingenuidade que encanta. As músicas surgem naturalmente, pois o personagem principal é um músico que busca reconhecimento e encontra uma garota que aprecia seu trabalho e que também entende do assunto.

Once é filmado num estilo documentário o que acaba contribuindo para que ele seja um tipo de pequena obra-prima.

Existem cenas extremamente marcantes, embaladas por um folk-rock de qualidade. O filme foi filmado em 17 dias e com um custo bem baixo para os padrões internacionais. Mais uma prova que para um filme ser bom basta ter uma idéia boa e pessoas empenhadas para realiza-la.

os melhores da musica em 2007

Finalmente vou poder mandar a lista dos melhores de 2007 da música, faltou escutar bastante coisa, mesmo pq o ano que passou teve muitos lançamentos importantes, mas acredito ter escutado o suficiente.

Ai vai, sem mais delongas...


** 10 melhores álbuns do ano

1.
Okkervil River - The Stage Names

2.
Band of Horses - Cease to Begin

3.
Spoon - Ga Ga Ga Ga Ga

4.
Arctic Monkeys - Favourite Worst Nightmare

5.
Kings of Leon - Because of the Times

6.
Radiohead - In Rainbows

7.
Arcade Fire - Neon Bible

8.
The National - Boxer

9.
Editors - And End Has a Start

10.
The Leo and The Pharmacists - Living With The Living

2.1.08

atonement. before the devil knows you´re dead.

Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto, 2007
Steve Lumet

Não quero me alongar muito, então vou direto ao ponto. Antes que o Diabo... é um filme tenso. Ele nos mostra até que ponto o desespero da falta de dinheiro pode fazer alguém chegar. A familia retratada aqui tem sérios problemas: Traição, disputa, brigas, ciume, arrogância. Tem cenas extremamente tristes, a maioria tem origem em certo acontecimento que pode parecer exagerado a primeira vista, mas que se formos lembrar algumas noticias recentes não é nada impossível de acontecer. Destaque pra maneira que a história foi contada, sem linearilidade, mostrando algumas cenas e depois voltando num tempo anterior para nos informar como que a situação chegou a tal ponto,o que não é original, mas quando é bem usada sempre ajuda a fazer o filme ficar melhor.


Desejo e Reparação, 2007
Joe Wright

Até agora é o meu filme preferido de 2007. A história dele tem um certo impacto, mas não é nada que poderia levar um filme a ser digno de figurar nas listas dos melhores do ano. O que faz esse serviço é o milagre de narrativa que o roteiro constrói, principalmente na primeira parte, quando acompanhamos duas cenas importantes, primeiro na perspectiva da garotinha escritora, que sempre ve uma sexualidade maliciosa, e depois num ponto de vista neutro, objetivo. As atuações também merecem grande destaque, principalmente do fantástico Ryan McCavoy, que já tinha conquistado muitros criticos com seu trabalho em "O Último Rei da Escócia". O filme cai um pouco de qualidade na segunda parte, mas a grandeza dele é retomada no ato final, que consegue ser verossimel e hollywoodiano ao mesmo tempo.

no country for old men.

Onde os Fracos Não Tem Vez, 2007
Irmãos Coen

Não li este livro de Cormac McCarthy, então não posso dizer se foi uma adaptação fiel a obra, mas eu sei que tanto os irmãos Coen, como McCarthy são extremamente competentes e são acima da média em suas funções, o filme "Fargo" e o livro "A Estrada" falam por si mesmos.

Bão, o fato é que o filme tá muito bem cotado pro Oscar e há um imenso hype em cima dele, provavelmente foi a junção de tudo isso que me fez ficar um poquinho decepcionado. Não me entendam mal, o filme é foda, mas não tão foda quanto eu esperava que fosse.

Eh uma história sobre crime e violência, cheia de ironias e momentos de suspense muito intensos, que você sabe que alguma coisa vai acontecer, mas tem que passar por uma espera angustiante, bem no estilo Coen.

Obviamente, o destaque fica por Javier Barden, que faz um vilão psicopata extremamente mal, mas que nao precisa berrar e usar de expressões faciais forçadas para ser convincente. Basta uma fala tranquila e ameaçadora, alem de um penteado e uma arma alternativos.

Nao to mais afim de escrever, mas eh isso ae zenti. HUAE

1.1.08

gone baby gone. eastern promises.

rápidos comentários sobre dois ótimos filmes que vi.

senhores do crime
Pulp Fiction do século 21? Talvez, só que este filme é ainda mais violento. Temos aqui o David Cronemberg que a gente conhece, não é? Sem medo de mostrar sangue, sem tentar amenizar situações que se aproximam do gore, sem desviar a câmera, mas nunca com cenas gratuitas, há sempre um objetivo. Senhores do Crime retrata a máfia russa e sua maneira de cuidar de negócios. Além da direção sem invencionices e extremamente competente de Cronemberg, outro destaque é a supreendente atuação de Viggo Mortensen. Que personagem bad-ass que ele conseguiu criar! Acredito que Viggo tenha atingido o ápice de sua carreira, e espero que ele continue assim. Merece um oscar.

medo da verdade
Um filme perturbador que vai no embalo da história da garotinha desaparecida Madeleine. A principio temos "apenas" uma criança desaparecida, mas, como sugere o titulo, há mais coisas por trás e é isso que um detetive particular vai tentar descobrir. Ben Affleck estreia com o pé direito na direção, fazendo um trabalho seguro, sem correr muito riscos, mas sempre eficiente. Assim como seu talentoso irmão, Casey Affleck, que a cada ano que passa mostra que tem muito a dar pelo cinema, sempre com excelentes atuações, como em Gerry, O Assassinato de Jesse James e agora nesse filme. Medo da Verdade é um filme com chances de ser indicado ao oscar, por tratar de uma história atual e por não ter medo de evitar certas situações. Aguardarei ansiosamente o próximo filme de Ben Affleck, que parece ter descoberto o seu lugar: atras das câmeras.