18.3.07

.filmes.

Cartas de Iwo Jima, 2006
Clint Eastwood

- BANZAI!

Em filmes de guerra americanos, os inimigos -sejam eles alemães, japoneses ou vietnamitas- são quase sempre retratados como assassinos impiedosos, o que faz com que haja o BEM (EUA) e o MAL (OUTROS), naquele velho maniqueísmo forçado.

Clint Eastwood filmou simultaneamente A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima. Enquanto naquele o diretor mostra os acontecimentos no ponto de vista americano, neste ele dá cara e coração aos soldados japoneses. Ninguém está ali para matar a sua sede de sangue, mas sim para cumprir ordens de defender uma posição, caso contrário ficarão marcados por covardia, o que ninguém quer.

Com uma fotografia praticamente sem cores, bem dessaturada, Cartas de Iwo Jima segue a moda lançada por O Resgate do Soldado Ryan, que também foi usada pela espetacular série Brand of Brothers. Talvez Clint fez isso para homenagear filmes antigos, já que em alguns momentos parece que estamos vendo um filme em preto e branco.

Os aficcionados por tiros, explosões e sangue podem acabar se decepcionando. Apesar das cenas de batalha serem extremamente bem feitas, elas são raras, pois o filme se concentra num cunho pessoal, no sentimento dos japoneses sobre a guerra e sobre o fato deles não terem chance alguma. É brilhante a cena em que vemos diversos soldados amedrontados dentro de uma caverna escutando bombas serem jogadas sobre suas cabeças.

Cartas de Iwo Jima pode não ser uma obra-prima, como muitos vem afirmando. Mas é um filme de guerra artistico sincero e corajoso. Palmas para Clint Eastwood, que mostra que é um dos melhores diretores em atividade. Que ele continue fazendo bons filmes. O cinema agradace.

Nota: 87