26.2.08

listas... top 20

Finalmente vou colocar minha lista dos preferidos de 2007. Faltou ver alguns filmes como Escafandro e a Borboleta, The Savages, Lars and the Real Girl... mas se eu for esperar vou colocar essa tal lista ano que vem.

FILMES PREFERIDOS

1.
Na Natureza Selvagem (Sean Penn) 94
2. Desejo e Reparação (Joe Wright) 93
3. Zodiaco (David Fincher) 92
4. Ratatouille (Brad Bird) 91
5. Once (John Carney) 91
6. The Man From Earth (Richard schenkman) 91
7. O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (Andrew Dominik) 90
8. Onde os Fracos Não Tem Vez (Irmãos Coen) 89
9. Sangue Negro (Paul Thomas Anderson) 89
10. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu) 89
11. Ponte para Terabitia (Gabor Csupo) 89
12. Medo da Verdade (Ben Affleck) 88
13. Tropa de Elite (José Padilha) 88
14. Extermínio 2 (Juan Carlos Fresnadillo) 88
15. No Vale das Sombras (Paul Haggis) 87
16. Eu sou a Lenda (Francis Lawrence) 87
17. Preço da Coragem, O (Michael Winterbottom) 87
18. Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Sidney Lumet) 87
19. Sobrevivente, O (Werner Herzog) 87
20. Indomáveis, Os (James Mangold) 87


FILMES ODIADOS

1.
30 Dias de Noite
2. Beowulf
3. Piratas do Caribe 3
4. Estrada da Morte
5. O Reino

21.2.08

review: matrix


- Matrix, 1999
Irmãos Wachowski


Muito já foi discutido sobre Matrix, dificilmente meus comentários acrescem alguma coisa. Mas é que recentemente li um livro que supostamente explicaria algumas questões filósificas propostas pelo filme, além de possuir referências a diferentes culturas religiosas e isso me deixou com vontade de ver o filme novamente. Ah, o livro é uma bosta, já que é uma coletânea de textos muito mal organizada, repetitive, escrito por pessoas que não sabem escrever agradavelmente e que em geral procuram chifres em cabeça de cavalo.

Mas enfim, quanto ao filme... olha, posso dizer que ele não é tudo isso. Ele não está ao lado de clássicos de ficção científica como Blade Runner, 2001: Uma odisseia no espaço, Alien, e etc. Digamos que ele propõe uma ideia bem interessante. Seres humanos vivendo num mundo chamado matrix, que não passa de algo criado por máquinas e que existe apenas na cabeça das pessoas, que estão servindo de combustível para essas máquinas. Isso proporciona várias possibilidades de discussões, envolvendo a realidade, o quão longe pode chegar a ganância do homem ao criar robôs cada vez mais evoluidos e assim por diante. Isso tudo misturado a cenas de ação que pode-se dizer serviram de influências para vários filmes depois desse. Até hoje aquela sequência de ação na qual Neo e Trinity entram no prédio onde estão os agentes e Morpheus tem um forte impacto. Não tanto que nem na época, é claro. O fato de Neo conseguir se libertar do mundo dos sonhos funcionar como uma alegoria do mito da caverna de Platão também é digno de aplausos, por permitir que um filme totalmente conectado com a cultura pop ao menos cite algo profundo, ainda que superficialmente.

Mas nem tudo são flores. Existem muitos diálogos interessantes, que até podem nos fazer refletir, mas a maioria soa forçado. Sabe quando você não aceita que tal personagem em tal situação fale tal coisa? Pois é, isso acontece muito em matrix.

É louvavel o filme CITAR filosofia. Mas ele jamais pode ser considerado algo profundo em relação a isso. Não sei se os irmãos Wachowski pretendiam fazer dele algo sério nesse sentido, se sim, erraram feio. Matrix nada mais é que um belo exemplo de filme de ação, com uma ideia central instigante, mas que soa um tanto superficial quando tenta discutir suas ideias.

Talvez Matrix se torne um clássico devido a imensa quantidade de fãs espalhados ao redor do globo. Mas ele não é um grande filme.

Nota: 79

17.2.08

review: noise

Passando dos Limites, 2007
Henry Bean

Acredito que esse filme será lançado direto em vídeo no Brasil, o que é uma medida correta, já que ele jamais arrastaria multidões para uma sala de cinema. Talvez porque ele pareça um filme independente, mesmo tendo atores famosos no elenco. Talvez porque ele seja um bom filme, porém um tanto dispensável. Você decide!

Eu vi o filme ontem e posso dizer que me diverti bastante assistindo, mas agora ele já está sendo esquecido. É exatamente isso o que ele vai proporcionar. Diversão momentânea, sem compromisso.

Teve momentos que eu achei que o filme estava se levando a sério demais, o que seria um erro, mas acho que a última cena foi suficiente para mostrar que era um filme funcionou muito mais como uma brincadeira, do que como um tipo de protesto de verdade.

A premissa dele é suficientemente boa para nos segurar na frente da tela aguardando um bom desfecho. David Owen é um cara que mora na "capital do mundo", Nova Iorque, e aos poucos ele vai ficando louco com tanta poluição sonora que existe na cidade, principalmente devido a alarmes de carros. O barulho o atrapalha em diversas situações, como quando ele vai colocar a sua filha para dormir, quando tentar ler Hegel ou também no momento em que ele está conseguindo fazer sexo com sua mulher. A situação fica tão desesperadora que ele resolve agir. Aí começa toda a graça do filme. David Owen representa o sonho de muitas pessoas se tornando realidade. Quem não queria pegar um taco de baseball e destruir um carro cujo alarme toca por mais de 3 horas numa madrugada de dia de semana? É extremamente reconfortante ver alguém fazendo algo a respeito, ainda que em filme. Outro bom ponto do filme, é quando ele mostra uma cena de diferentes formas, uma mostra o que David realmente fez e a outra mostra o que ele deveria ter feito. Risadas garantidas.

O filme depois argumenta que não devemos sair por aí destruindo carros, então a medida mais correta é fazer um plebiscito. Mas será a mais funcional?

David Owen se pergunta porque as pessoas que fazem tanto barulho são indiferentes com os demais cidadãos. Pois é, eu também me pergunto isso. Quantas vezes já não fomos importunados por um alarme disparando de madrugada? Teoricamente é uma coisa pequena, mas se a gente somar todas as coisas pequenas que nos irritam, tudo pode ficar mais sério: Os motoristas barbeiros, os motoristas que colam na traseira, os cachorros que cagam no meio da calçada, os operadores de telemarketing, os panfleteiros... enfim, é um sem número de situações que tem o poder de irritar qualquer um. Somos fortes para conseguir não ligar tanto para isso. Agora,o que aconteceria se todos fizessem que nem David Owen? Caos ou tranquilidade?

A duração é extremamente curta, mas acho que foi o suficiente para desenvolver razoavelmente bem a história. Para tentar vender o filme tem uns dialogos picantes no meio de um sexo a três. Não, não vemos o ato em si.

Só não entendi o motivo da câmera tremida. Acho que é porque o diretor quis dar ao filme um ar de documentário, para parecer algo um tanto real. Esse aspecto não funcionou muito bem.

Nota: 70





16.2.08

review: the darjeeling limited

.: Viagem a Darjeeling, 2007
Wes Anderson



É evidente que Wes Anderson se preocupou mais com o estilo do que com o conteúdo em Viagem a Darjeeling, mas ainda assim, ele consegue realizar um filme admirável, mais acessível e muito melhor do que seu último trabalho, A Vida Aquática com Steve Zissou.

Acredito que com exceção de Os Excentricos Tenembauns, os outros filmes de Wes Anderson são impossiveís de encantar, de nos fazer morrer de amores por eles, porém também é impossível não se admirar com as qualidades que esse cineasta possui. Digamos que ele é um dos poucos oasis de originalidade no deserto da falta de criatividade, mas isso não é garantia que ele sempre realize obras-primas.

Viagem a Darjeeling é um filme que funciona, que talvez agrade a maioria, mas que tem mais chances de cair no ostracismo do que ser reconhecido como um dos melhores filmes de Wes Anderson, papel ocupado por Excentricos Tenembauns e Rushmore.

Aqui somos apresentados a três irmãos, que desde o funeral do pai, há mais de 1 ano, não se viam. Eles decidem partir para um tipo de viagem espiritual na India, afim de se aproximarem um pouco mais, já que eles praticamente se tornaram estranhos. Como em todos os seus filmes, Wes Anderson cria personagens com características peculiares, tanto fisicamente, como psicologicamente. O irmão mais velho passa a história inteira com vários curativos no rosto, devido a um acidente que quase o matou. Ele também possui uma indole um tanto dominadora, parecendo um pai autoritário. O irmão do meio está prestes a ter um filho, e acaba se distanciando da mulher, desejando até mesmo que ela pedisse o divórcio. Por fim, o irmão caçula acaba de terminar com a namorada e demonstra um ciume possessivo ao verificar a caixa de mensagens da ex sempre que possível, já que ele possui a senha, sem que ela saiba.

Essa idéia da jornada espiritual feita para tentar unir os três irmãos é boa, mas acaba sendo uma temática não muito bem desenvolvida, um tanto seca. É difícil a gente se conectar com algum personagem, o filme inteiro eles parecem estranhos, o que sempre dificulta a apreciação.

As cenas de câmera lenta tão características do diretor estão presentes, sempre com imensa habilidade. A bela trilha sonora escolhida a dedo também é um dos pontos positivos. O que dessa vez não funciona tanto é o humor um tanto depreciativo que se espalha por algumas cenas. Quer dizer, o humor de Wes Anderson é tão peculiar quanto o dos irmão Coen, só que em Viagem Darjeeling dá para contar nos dedos as possíveis risadas. Fato esse que me deixa assustado quando vejo esse filme sendo vendido como uma comédia, como se alguém fosse engasgar de tanto rir.

Esperava mais. Mas no todo foi uma boa experiência.

Nota: 70

pequenos comentários

Debi e Lóide - 1995
Uma das minhas comédias preferidas. Jeff Daniels e Jim Carrey fazem uma dupla de protagonistas non-sense ingenuos com uma quimica fantastica. É basicamente um road-movie de risadas, com várias situações engraçadas e ainda tem uma traminha mais séria por trás, nada que não faça parte da brincadeira ou seja pretensioso, devo dizer. Jim Carrey já se mostra totalmente a vontade como ator principal, fazendo qualquer um rir bastante. A trilha sonora foi muito bem escolhida também. Um clássico.

Beowulf - 2007
Porra. SIMPLES ODIEI esse filme. O fato dele ser uma animação deixou tudo muito pior, parecendo coisa de criança, apesar da violência do filme. Em nenhum momento esse filme me parece algo autentico, algo que quisesse ser alguma coisa. Ele tem menos de duas horas, mas elas custaram a passar. A única coisa boa do filme é o assustador e digno de pena Grendel, que parece um primo distante do Gollum. De resto... po, era pra esse tal de Beowulf ser uma lenda, um mito, mas as coisas acontecem de uma forma estranha, e o cara não passa de um fortão, que fala alto demais e que não tem nenhuma virtude, a nao ser a coragem. Como vou me importar com um cidadão assim? A lenda dele não significou nada pra mim, e isso com certeza me fez gostar menos ainda do filme.

Teve mais coisa patética... Porra, o que eram as poses do Beowulf nu? Parecia uma imitação piorada de 300. Meu deus, que desperdicio de tempo. Que desperdicio de talento do nosso amigo Robert Zemeckis. Po, um cara que fez De Volta para o Futuro, Forrest Gump e O Naufrago não poderia ter decaido tanto.

To tentando lembrar de alguma outra coisa boa.. fora o Grendel... talvez a Angelina Jolie... bah, nao sei. Bizarro.

15.2.08

preview... livrin e news...

.. Quero registar aqui os filmes de 2008, 2009, 2010 que estou realmente afim de ver. Lá vai.

- The Happening
É o novo filme do Shyamalan e isso já o suficiente para despertar interesse. Mas o Shyamalan está em dívida com o bom cinema, já que para mim o último filme de: A Dama na Água foi uma bosta. Não concordo que o único grande filme dele é O Sexto Sentido como muitos críticos dizem por ai. Sinais, Corpo Fechado e até mesmo A Vila são acima da média.

O enredo não é muito diferente de Sinais. A diferença que aqui a crise que atinge a humanidade é um problema natural. E eu gostei do slogan do filme: We've Sensed It. We've Seen The Signs. Now... It's Happening. Fazendo referências a Sexto Sentido e Sinais. Jóia.

- The Road
Esse é o filme que mais aguardo. Por no minimo quatro excelentes motivos. É uma adaptação do fantástico livro de Cormac McCarthy chamado A Estrada e parece que adapatar os livros dele é um bom negócio, vide Onde os Fracos Não Tem Vez. A história é sobre um pai e um filho tentando sobreviver num mundo destruido provavelmente por uma guerra nuclear.

Outros dois motivos fortes: Viggo Mortensen fara o PAI. E este é um ator que vem melhorando ano a ano e me parece perfeito para o papel. Sem falar no diretor, John Hillcot que mostrou uma habilidade fora do comum no filme A Proposta, um western fantástico do começo ao fim. Nesse filme o diretor conseguiu colocar um ritmo contemplativo, aproveitando bem os cenários, sem deixar chato. Se conseguir repetir o feito, A Estrada tem tudo para ser um filme excelente.

Só espero que o roteirista seja fiel a obra.

- Leatherheads
Uma comédia romântica envolvendo o futebol americano nos anos 20, dirigida e estrelada por George Clooney... já é suficiente para mim.

- WALL-E
Um desenho que promete muito, pois além de ser uma produção do mesmo pessoal de obras como Toy Story, Procurando Nemo e etc, a história parece ser excelente, mas é melhor não falar especificamente sobre ela, já que pode rolar uns spoilers. Reza a lenda que o filme vai ter bem pouco dialogo, o que pode desanimar a maioria do público. Ou não.

14.2.08

review: the usual suspects

* Os Suspeitos, 1995
Bryan Singer



Só um pequeno comentário a respeito desse surpreendentemente grande filme. A principio devo dizer que ele tem uma daquelas historias que te prende do começo ao fim, mas para que haja esse interesse você não pode ver o filme passivamente, não! Tem que prestar atenção, pois temos muita informação partindo de uma conversa entre um suspeito e um policial e se ficar atoa podemos perder o rumo dos acontecimentos.

Tudo começa com um violento crime ocorrido em um barco. Vários mortes, várias perguntas, nenhuma resposta! A policia conduz uma investigação para tentar descobrir qual o motivo que cerca esse estranho acontecimento. Quem tem a função de ajudar a policia é um dos suspeitos de ter cometido o crime, o problema é que ele parece ser um tanto "bobo"...

Esse filme tem uma atmosfera interessante, me fez lembrar muito Cães de Aluguel, ainda que com menos sangue. Ambos os filme tem muita coisa em comum, uma delas é que tanto em um quanto em outro um personagem conta uma história impactante, e no caso de Os Suspeitos essa historia é sobre como a família de Kayser Sose deixou de existir.

Temos um belo exemplo de um roteiro bem amarrado, com dialogos muito bem trabalhados e que motiva o espectador a pensar sobre o que está acontecendo.

O desfecho na teoria era pra ser surpreendente, creio que quando foi exibido, em 95, realmente foi, tanto que ele foi escolhido pelos usuarios do IMDB como o filme com a maior reviravolta da história... o fato é que hj existem coisas bem parecidas por ai, e isso faz com que a gente consiga adivinhar o final antes que ele chegue. Queria ter visto eses filme antes! Mas mesmo assim, é algo excelente.

Nota: 84


13.2.08

review: hairspray

* Hairspray, 2007
Adam Shankman



Eu tinha quase certeza que não ia gostar desse filme, pois além de ser um musical tava me parecendo algo infantil demais, sei lá, um High School Musical da vida. Eu estava totalmente enganado!

Hairspray é uma excelente diversão, do começo ao fim. Quase todas as musicas do filme são cativantes e tem umas que podem até grudar na cabeça. Digamos que o enredo em si é um tanto bobinho... uma menina gorda que quer entrar para um programa musical e acaba sendo rejeitada no começo, mas depois vai mostrar que conhece o assunto. Só que o filme conta com uma fotografia extremamente colorida e com uma animação fora do normal, o que faz tudo ficar parecendo com um tipo de conto de fadas, o que devo dizer, me agradou. É um filme totalmente fora da nossa realidade atual, pois quase que todas as pessoas se entendem, quase todos se gostam e os "maus" acabam nem sendo tão maus assim. E é bom sonhar as vezes, não acham?

Além desse ar encantador e nostálgico de ingenuidade, há espaço para uma ou outra discussão mais séria, como a forma com que a imprensa manipula certas informações de acordo com suas vontandes e também temos uma pequena amostra de como o racismo começava a perder força para alguns americanos nos anos 60.

Nota: 85

12.2.08

review: sweeney todd

* Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, 2007
Tim Burton

Os aspectos positivos são bons o bastante para fazer com que se goste desse filme. Tim Burton cria um ambiente assustadoramente macabro numa Londres mais fria do que de costume. Criação de cenários assim é uma característica de Tim Burton, e novamente ele faz com muita qualidade. Conhecemos o personagen Sweeney Todd, que ficou 15 anos na prisão e volta um tanto diferente. Volta querendo se vingar daqueles que o colocaram lá injustamente. Mas não é qualquer vingança, é uma do tipo: "Vou fazer o barbear mais rente da sua vida". Taí outra coisa boa do filme, o sangue. MUITO SANGUE. Digamos que Tim Burton não desvia a câmera em nenhum momento, e isso proporciona cenas dignas de um gore, mas com uma beleza impressionante. Até tem um ou outro número musical contagiante, como aquele do duelo entre os dois barbeiros, o que pra mim é o ponto alto do filme.

Pois é, ter um ou outro número musical bom num filme musical não é a a melhor coisa do mundo. Nem acho que TODOS os atores cantaram mal como andam dizendo, Johnny Depp e Helena Bonham Carter se saem bem nas cantorias, o problema é que elas não empolgam muito, não conseguem fazer com que a gente se sinta no clima. Fiquei com a impressão que esse filme não foi planejado para ser um musical, e que Tim Burton quis apenas aparecer... posso estar errado, mas enfim.

Outra coisa que atrapalha muito é que falta alma para o filme. Tim Burton provavelmente se contagiou com a frieza da fotografia e a transmitiu pros personagens e pra história em si. O final era para ser catártico, uma tragédia grega a lá Sófocles, mas não consegui me importar muito, tudo porque faltou envolvimento.

Um bom filme, de fato. Não mais do que isso.




10.2.08

reviews: gattaca

* Gattaca - A Experiência Genética, 1997
Andrew Niccol



Eu ainda me lembro de certas coisas que estudei no cursinho, uma delas é o DNA e seus componentes. Para resumir, o DNA é formado pelos nucleotídeos e esses possuem bases nitrogenadas próprias. Temos a Adenina, Timina, Citosina e Guanina. Para simplificar os estudos na genética elas são chamadas pelas letras iniciais. Fica fácil perceber que o nome do filme é uma palavra feita apenas com essas letras, o que já mostra o tom científico que ele possui.


Gattaca nos apresenta um mundo interessante e perturbador. Num futuro não muito distante, os nascimentos por parto natural não são mais considerados naturais. Os chamados "filhos de Deus" se tornam cada vez menos comuns, dando lugar as crianças geradas por uma fertilização artificial que tem a capacidade de criar um ser humano sem a maioria dos problemas que nos acometem, como calvice, miopia e até mesmo coisas mais sérias, como propensão a doenças fatais. Os pais podem escolher como serão seus filhos, se serão morenos ou loiros, com olhos verdes ou azuis e assim por diante.

Desde o nascimento já sabemos as habilidades que uma pessoa pode vir a ter, então se ela tem um bom código genético ela vai se dar bem na vida, se o seu sangue for ruim, será um plebeu, será ralé.

Nem no futuro escaparemos do preconceito e da discrminação, e no mundo de Gattaca quem é o responsável por isso é o sangue. A raça, a cor, a nacionalidade não importam mais, e sim as combinações das bases nitrogenadas de cada um.


Vincent é um desses cujo nascimento foi deixado ao acaso, e não manipulado genéticamente. E por azar, o seu sangue mostra que o seu futuro não é nada promissor. Miopia, problemas cardiacos... são alguns dos seus problemas. Isso o coloca na casta dos discriminados, que não podem esperar mais do futuro do que limpar a sujeira dos outros, ou algo assim.

Só que Vincent sempre sonhou em ser astronauta, para poder ver de perto das estrelas e ele vai fazer de tudo para driblar a genética.


Posso dizer que curto muito esse filme. Já vi várias vezes e nunca me canso. Ele tem um ritmo um tanto calmo, mas que jamais parece arrastado, pois além de ter uma direção competente, a narração de Ethan Hawke sempre tem algo interessante a dizer. É muito bom ver um filme que apresenta a história de alguém que vai lutar contra tudo e contra todos para alcançar o seus sonhos, mesmo eles parecendo impossiveis de serem realizados.

E claro... não é sempre que podemos ver na tela algo que torne acessível um assunto bem complexo como a genética e suas possibilidades.

Nota: 81

9.2.08

in the valley of elah.

* No Vale das Sombras, 2007
Paul Haggis



Não esperava muita coisa do filme, o que foi bom, pois acabei gostando bastante.

Apesar da guerra no Iraque ser algo importante em diversos aspectos, este assunto já estava um tanto saturado para mim, principalmente devido aos vários filmes recentes que abordam o conflito e também por já sabermos que se trata de uma guerra travada basicamente para que os EUA continuem sendo os EUA.

O interessante é que o filme tem um roteiro no qual a guerra do Iraque é extremamente importante, já que todos os acontecimentos se originam de fatos ocorridos nela, porém ela praticamente não é mostrada, mesmo porque 98% da história se passa nos Estados Unidos.

Logo no início somos apresentados a Hank, um ex-militar obsessivo por organização, que acaba de receber uma ligação do exército, pela qual é informado que o seu filho está AWOL(ausente sem licença) e nos Estados Unidos. Ele estranha, pois se o seu filho estivesse voltado ele saberia. Hank sai em busca do rapaz e aí que as coisas começam a acontecer.

É engraçado que desde o começo pensamos que se trata de um filme excessivamente patriota, mas isso é apenas o reflexo do personagem principal, que aos poucos vai descobrindo que as coisas não funcionam da forma como ele acha que deveriam funcionar.

Há um tom racista em alguns personagens, até mesmo em Hank, que ao xingar um desafeto, prefere se focar no fato dele ser mexicano. É a forma que Paul Haggis escolhe para nos mostrar todo o preconceito existente em seu pais, algo que ele já tinha trabalhado com mais profundidade em Crash.

As questões relativas aos procedimentos dos soldados, tanto no Iraque, como em qualquer outro lugar, são verdadeiras e perturbadoras. Geralmente, eles acabam tendo que fazer coisas que trazem um remorso praticamente eterno e as pessoas em geral acabam os tratando como imbecís por seguir tais ordens, mas como nos procederiamos se tivessemos no lugar deles?

Para finalizar, Tommy Lee Jones parece vinho. A experiência tem sido boa para ele, assim como é para mestres como Clint Eastwood. Ele consegue se destacar interpretando um personagem normal. Quer dizer, quem se destaca é realmente o ator e não a criação do roteirista. Não é dificil chamar a atenção interpretando algo como Truman Capote, Jack Sparrow, e etc, que são extremamente peculiares.

Eu estava gostando bastante do filme, mas a cena final me fez gostar mais ainda. Foi uma forte critica, apresentada de uma maneira inteligente, fazendo uma oposição com uma cena bem do começo do filme, genial.

Nota: 87

8.2.08

30 days of night.

* 30 Dias de Noite, 2007
David Slade

Se o filme fosse tão legal quanto o seu cartaz teriamos uma obra de respeito, mas não é nada disso o que acontece. Mas vou fazer justiça. A premissa é bem interessante e até mesmo inteligente. Existe um lugar melhor para os vampiros do que uma cidade onde o sol desaparece por 1 mês? Essa cidade fica no Alaska, e ela fica bem isolada do resto da civilização. Esse é o insight do filme, pena que o resto não faz juz a essa boa idéia. O diretor até demonstra um pouco de competência ao explorar bem a escuridão do lugar para nos transmitir um certo medo, e ele também consegue fazer desses vampiros seres ameaçadores de verdade, mas acredito que as coisas boas acabam por aqui.

Mas o fato é que esse filme é desnecessário, pois não acrescenta nada em termos de vampiros no cinema, além do fato de ser ruim, diga-se de passagem. Há uma avalanche de clichês, principalmente devido aos personagens. Temos um grupo de pessoas que consegue ir para um local aparentemente seguro e aí teremos um cidadão nervosinho que vai atrapalhar os outros, vamos ter um altruista e um cara misterioso.

A história se desenrola de uma forma parecida com um video-clip, são tantos cortes que fica dificil de conta-los, fazendo tudo perder o charme. Na maioria das vezes a trilha sonora fica totalmente fora de sintonia com o que está acontecendo, sendo até algo patético ocasionalmente.

E como todo filme feito para arrecadar grana temos um subtrama romântica, que não preciso dizer que não tem o menor sentido de existir.

No mais, um ou outro gore interessante e o final... que é praticamente um insulto a inteligência do público.

6.2.08

m

* M, 1931
Fritz Lang

Já assisti a vários clássicos e na maioria das vezes essa experiência acaba sendo frustrante. Quer dizer, frustrante é uma palavra forte, o que acontece é que eu vou com uma expectativa muito grande e acabo me decepcionando. Algo bem corriqueiro na nossa vida, náo é? Não só em termos de cinema. Geralmente os filmes clássicos sofrem dos mesmos problemas, como o excesso de closes, poucas tomadas em plano aberto, rarrisimas inovações de fotografia, além de vários clichês e de roteiros um tanto formulaicos. Claro que nem sempre é assim, existem os clássicos que realmente devem ser valorizados, são vários os exemplos e um deles é M, do austriaco Fritz Lang.

Gostei da maior parte do filme, mas não o suficiente para cultua-lo, para coloca-lo na minha lista dos filmes preferidos ou algo assim. Mas é um filme digno de nota e que merece algumas reflexões a respeito do assunto que ele apresenta e desenvolve.

Esse M do titulo vem da palavrar MORDER, que significa assassino em alemão. Aqui temos um serial-killer cujas vítimas são crianças e ele é como um fantasma. Ninguém vê, até que faça uma próxima vítima. É interessante a forma como Fritz Lang nos mostra todo o caos que atinge a cidade quando todos se dão conta do perigo que está a espreita. Os cidadãos ficam em pânico ao imaginar que suas crianças estão a mercê de um asassino cruel e isso gera vários problemas. Qualquer homem andando com uma criança é digno de suspeitas. Há uma atmosfera de medo que foi muito bem captada pelo diretor.

Somos apresentados a uma garotinha e logo ela tem o seu encontro com M. Fritz Lang nos informa que a garota não voltará mais, não mostrando uma violência grafica sim com uma sutileza quase poética, quando nos coloca na casa da garota e vemos sua mãe preocupado com o seu atraso e o seu lugar vazio à mesa, juntamente com os pratos e talheres que jamais serão usados novamente. Outra forma interessante de dizer que a personagem não iria mais voltar é quando podemos observar o balão que ela carregava preso num poste de luz, abandonado, sem rumo. É de arrepiar.

O ator Peter Lorre, que faz o serial-killer, obviamente tem qualidade, mas acredito que ele errou a mão, principalmente no monolo final. Ele foi caricatural demais, achando que esbugalhar os olhos e falar estridentemente fosse suficiente para causar impacto. Para mim não funcionou.

O filme lança uma discussão inteligente quando M diz que ele mata as crianças por um tipo de impulso e não porque ele realmente quisesse fazer o que faz. Eu sei que mulheres quando estão em TPM, com um nivel hormonal muito desrregulado, acabam sendo inocentadas de certos crimes. Mas no caso do filme é dificil julga-lo. Como vamos saber se ele está falando a verdade? E se estiver, como ficam os pais das crianças mortas ao saber que o assassino logo estará nas ruas novamente, caso seja alegado um tipo de loucura momentânena? Não como a lei cuida desse tipo de caso hoje em dia, mas é algo bem delicado.

Ah, sim, Fritz Lang realizou uma obra atemporal, principalmente em se tratando do estilo de filma-la. Ele é ousado na maioria das cenas, utilizando ângulos que me impressionaram bastante, justamente por "M" ser tão antigo. A maneira como a narrativa segue pode parecer confusa, pois são muitos personagens, mas nada que atrapalhe. Fritz Lang realmente estava a frente do seu tempo, esse filme é uma das provas.


Nota: 74

4.2.08

4 luni, 3 saptamani si 2 zile.

* 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, 2007
Cristian Mungiu


Se por um lado eu queria que esse filme continuasse por horas a fio, confesso que senti um certo alivio quando ele chegou ao fim. O filme é foda em todos os sentidos, o problema é que ele funciona basicamente como um soco na cara, bem forte, por sinal. O enredo dele é bem simples. Há uma mulher que decide fazer um aborto, há uma amiga que resolve ajudar e há uma pessoa para fazer o serviço. Apesar da história não parecer tão impactante, a maneira como Cristian Mungiu resolve conta-la funciona exemplarmente. Não sei se o objetivo dele era fazer um filme anti-aborto, mas a mensagem que fica a respeito de tal atitude é a pior possível. Eu sempre fui a favor do aborto, desde que feito com cuidado e por motivos consideráveis. Agora tive que parar para pensar a respeito. Isso é um dos pontos positivos do filme, ele te faz pensar, e muito.

Só para contextualizar um pouco, as ações se dão numa Romênia do final da década de 80, quando ela ainda vivia no regime comunista. Foi um péssimo periodo para o pais e ficamos ciente disso apenas vendo as pessoas com dificuldades para conseguir coisas que parecem banais, como um cigarro ou um sabonete de uma marca específica. A fotografia fria como o gelo também colabora para que tenhamos a noção da dificuldade em viver num regime de tal escassez.

O diretor acerta em acompanhar as ações dos personagens nos minimos detalhes. Ele não faz isso como um exercicio de estilo, a la Gus Van Saint, que adora filmar os atores caminhando, sem um objetivo definido, a não ser realizar algo esteticamente bem feito. Aqui, o objetivo de Cristian Mungiu a proceder dessa forma é dar vida aos personagens, o que ele faz com sucesso.

As cenas sem cortes também não são maneiras de dizer: Olhem, eu sou foda. Não. É a forma que ele encontrou de tornar tudo mais real. Parece um Big Brother. Como se alguém conseguisse filmar a vida de outras pessoas sem que elas soubessem. Os dialogos ajudam muito também, palmas para os roteiristas.

É um dos filmes mais díficeis que vi nos últimos dias. Pois ele trata de um assunto polêmico da forma mais arrebatadora possível: Conduzindo a história de uma forma extremamente realista.

2.2.08

i´m not there.

* I´m Not There, 2007
Todd Haynes


Existem três tipos de pessoas que podem ver esse I´m Not There: Os que não sabem nada sobre Bob Dylan, os que apenas conhecem suas músicas e os que conhecem tanto suas músicas como sua história de vida. Cada tipo de público vai gostar do filme de uma maneira, ou até mesmo não gostar. É um filme de Dylan feito para fãs de Dylan ou para quem não tem nada contra experimentalismos no cinema.

Como é dito no ínicio, o filme tem a intenção de mostrar as diversas facetas de Dylan. Ele foge daquelas biografias convencionais de músicos e nos apresenta uma maneira bem original de falar sobre um objeto de estudo. Aqui vários atores interpretam vários Dylans em vários momentos diferentes. Cada periodo possui uma fotografia própria, o que colabora para que possamos ver as mutações do cantor, tanto físicas, quanto em matéria de atitudes. Cate Blanchett rouba a cena, mas Christian Bale e o já saudoso Heth Ledger merecem cumprimentos.

Não temos um filme com inicio, meio e fim. Nem mesmo um climax. Isso pode desagradar alguns menos abertos a novas experiências, mas acredito que tal decisão foi importante para o que o filme se propõe a ser: Uma porta de entrada para os mundos de Dylan.´

É desnecessário falar que a trilha sonora é um dos pontos fortes, com músicas famosas e outras nem tanto. Eu me incluo no público que conhece várias de suas músicas e não muito sobre sua vida, o que me fez gostar bastante do que vi, mas não o suficiente para ir recomendando o filme para todo mundo que conheço.

Nota: 76