14.2.07

.filmes.

Jesus Camp, 2006
H. Ewing e R. Grady


Provavelmente, Jesus Camp é o único filme que tem alguma chance de tirar o prêmio de melhor documentário no Oscar de Uma Verdade Inconveniente. Eu não acredito que consiga, pois além do filme de Al Gore ser um pouco melhor, a propaganda em cima dele é muito grande. Mas de qualquer forma, estamos diante de algo que merece ser visto. Não por suas qualidades técnicas, que são bem precárias, quer dizer, não há nenhuma tomada brilhante, nenhum milagre de edição e sua fotografia parece ter sido feita para televisão. Ele merece ser visto justamente pelo assunto que aborda: As crianças evangélicas dos Estados Unidos.

Não há nenhum tipo de julgamento dos diretores, eles não querem ficar a favor ou contra ninguém nessa história toda, algo que poderia nos influenciar de alguma forma. Eles apenas usam uma camera para registrar e nos mostrar o que se passa nesses lugares onde se reunem várias crianças e alguns adultos que transmitem a chamada fé cristã.

De um lado temos o locutor de rádio Mike Papantonio, crítico severo da lavagem cerebral feita nas crianças e do outro Becky Fischer, uma das responsáveis por aumentar o exército de Deus.

Em alguns momentos eu pensava estar assistindo a um filme de terror: Crianças chorando, erguendo os braços, gritando o nome de Jesus, pulando, caindo no chão -numa simulação de um ataque epilético, basicamente- e pessoas falando uma lingua bizarra. Em outros momentos eu tinha pena. Uma pena incrível dessas crianças que desde cedo são treinadas para nao ter conteudo algum, pra nao desejar nada a não ser JESUS. Crianças que são jogadas nesse mundo patético, de gritaria, de sermões prolixos, onde tudo é do diabo, é do demo. Pros evangélicos americanos Harry Potter é um ínimigo de Deus, Darwin e a Evolução são besteiras e George Bush deve ser praticamente cultuado, como se fosse um santo, algo que os evangélicos são contra.

No fim tudo parece ser uma maneira de criar, a qualquer custo, um nincho eleitoral para seguir o interesse daqueles que lucram com tudo isso, como a Betty Fischer. Em 2004 as eleições nos EUA foram decididas a favor de Bush justamente por ele fazer parte desse grupo.

O preço, quem paga, são as crianças.