6.5.07

David Cronenberg tem talento

Marcas da Violência, 2005
David Cronenberg

Não pretendo fazer um resumo da história pois isso estragaria várias "surpresas" que acontecem no decorrer do filme. Não se tratam de reviravoltas espetaculares, mas sim de pessoas tomando decisões diferentes das que tomariam normalmente. Quero apenas apresentar alguns dos motivos que me fizeram gostar bastante do que vi.


Marcas da Violência, como o titulo dá a entender, é um sem dúvida um filme violento. Mas não temos aqui uma violência estilizada ou glamourosa e sim algo que parece ser real, o que aumenta muito a brutalidade das cenas e a proximidade delas com o mundo que nos cerca. A fotografia é basicamente feita por cores frias, combinando perfeitamente com o clima pesado de todo o filme.


Sem nenhum mecanismo feito para enrolar e aumentar a duração, este fimle de David Cronenberg vai sempre direto ao ponto. Todas as cenas e todos os diálogos tem a sua importância. É um filme que tem uma excelente progressão. A história toma um rumo diferente do que imaginamos, mas nada que soe forçado. Em Marcas da Violência, ao contrário da maioria dos filmes, quando o "herói" tem uma arma apontada pra cabeça do seu desafeto ele não hesita, não pensa duas vezes antes de fazer o que deve ser feito.


Apesar do assunto vingança fazer parte do filme, ele não é sobre isso. Ele tem um lado mais profundo, principalmente devido ao personagem Tom Stall. Interpretado competentemente por Viggo Mortensen, o personagem não nos dá muita brecha para termos um envolvimento emocional mais intenso com as situações vividas por ele, ficamos sim num tipo de distanciamento respeitoso. De qualquer forma, é intrigante a sua história pessoal. Ele passa a idéia de que por mais que façamos de tudo para enterrar certos acontecimentos do passado, o passado nunca nos esquece, e quando damos uma chance para ele retornar, ele retorna, para o bem ou para o mal.

Nota: 79