16.2.08

review: the darjeeling limited

.: Viagem a Darjeeling, 2007
Wes Anderson



É evidente que Wes Anderson se preocupou mais com o estilo do que com o conteúdo em Viagem a Darjeeling, mas ainda assim, ele consegue realizar um filme admirável, mais acessível e muito melhor do que seu último trabalho, A Vida Aquática com Steve Zissou.

Acredito que com exceção de Os Excentricos Tenembauns, os outros filmes de Wes Anderson são impossiveís de encantar, de nos fazer morrer de amores por eles, porém também é impossível não se admirar com as qualidades que esse cineasta possui. Digamos que ele é um dos poucos oasis de originalidade no deserto da falta de criatividade, mas isso não é garantia que ele sempre realize obras-primas.

Viagem a Darjeeling é um filme que funciona, que talvez agrade a maioria, mas que tem mais chances de cair no ostracismo do que ser reconhecido como um dos melhores filmes de Wes Anderson, papel ocupado por Excentricos Tenembauns e Rushmore.

Aqui somos apresentados a três irmãos, que desde o funeral do pai, há mais de 1 ano, não se viam. Eles decidem partir para um tipo de viagem espiritual na India, afim de se aproximarem um pouco mais, já que eles praticamente se tornaram estranhos. Como em todos os seus filmes, Wes Anderson cria personagens com características peculiares, tanto fisicamente, como psicologicamente. O irmão mais velho passa a história inteira com vários curativos no rosto, devido a um acidente que quase o matou. Ele também possui uma indole um tanto dominadora, parecendo um pai autoritário. O irmão do meio está prestes a ter um filho, e acaba se distanciando da mulher, desejando até mesmo que ela pedisse o divórcio. Por fim, o irmão caçula acaba de terminar com a namorada e demonstra um ciume possessivo ao verificar a caixa de mensagens da ex sempre que possível, já que ele possui a senha, sem que ela saiba.

Essa idéia da jornada espiritual feita para tentar unir os três irmãos é boa, mas acaba sendo uma temática não muito bem desenvolvida, um tanto seca. É difícil a gente se conectar com algum personagem, o filme inteiro eles parecem estranhos, o que sempre dificulta a apreciação.

As cenas de câmera lenta tão características do diretor estão presentes, sempre com imensa habilidade. A bela trilha sonora escolhida a dedo também é um dos pontos positivos. O que dessa vez não funciona tanto é o humor um tanto depreciativo que se espalha por algumas cenas. Quer dizer, o humor de Wes Anderson é tão peculiar quanto o dos irmão Coen, só que em Viagem Darjeeling dá para contar nos dedos as possíveis risadas. Fato esse que me deixa assustado quando vejo esse filme sendo vendido como uma comédia, como se alguém fosse engasgar de tanto rir.

Esperava mais. Mas no todo foi uma boa experiência.

Nota: 70