17.2.08

review: noise

Passando dos Limites, 2007
Henry Bean

Acredito que esse filme será lançado direto em vídeo no Brasil, o que é uma medida correta, já que ele jamais arrastaria multidões para uma sala de cinema. Talvez porque ele pareça um filme independente, mesmo tendo atores famosos no elenco. Talvez porque ele seja um bom filme, porém um tanto dispensável. Você decide!

Eu vi o filme ontem e posso dizer que me diverti bastante assistindo, mas agora ele já está sendo esquecido. É exatamente isso o que ele vai proporcionar. Diversão momentânea, sem compromisso.

Teve momentos que eu achei que o filme estava se levando a sério demais, o que seria um erro, mas acho que a última cena foi suficiente para mostrar que era um filme funcionou muito mais como uma brincadeira, do que como um tipo de protesto de verdade.

A premissa dele é suficientemente boa para nos segurar na frente da tela aguardando um bom desfecho. David Owen é um cara que mora na "capital do mundo", Nova Iorque, e aos poucos ele vai ficando louco com tanta poluição sonora que existe na cidade, principalmente devido a alarmes de carros. O barulho o atrapalha em diversas situações, como quando ele vai colocar a sua filha para dormir, quando tentar ler Hegel ou também no momento em que ele está conseguindo fazer sexo com sua mulher. A situação fica tão desesperadora que ele resolve agir. Aí começa toda a graça do filme. David Owen representa o sonho de muitas pessoas se tornando realidade. Quem não queria pegar um taco de baseball e destruir um carro cujo alarme toca por mais de 3 horas numa madrugada de dia de semana? É extremamente reconfortante ver alguém fazendo algo a respeito, ainda que em filme. Outro bom ponto do filme, é quando ele mostra uma cena de diferentes formas, uma mostra o que David realmente fez e a outra mostra o que ele deveria ter feito. Risadas garantidas.

O filme depois argumenta que não devemos sair por aí destruindo carros, então a medida mais correta é fazer um plebiscito. Mas será a mais funcional?

David Owen se pergunta porque as pessoas que fazem tanto barulho são indiferentes com os demais cidadãos. Pois é, eu também me pergunto isso. Quantas vezes já não fomos importunados por um alarme disparando de madrugada? Teoricamente é uma coisa pequena, mas se a gente somar todas as coisas pequenas que nos irritam, tudo pode ficar mais sério: Os motoristas barbeiros, os motoristas que colam na traseira, os cachorros que cagam no meio da calçada, os operadores de telemarketing, os panfleteiros... enfim, é um sem número de situações que tem o poder de irritar qualquer um. Somos fortes para conseguir não ligar tanto para isso. Agora,o que aconteceria se todos fizessem que nem David Owen? Caos ou tranquilidade?

A duração é extremamente curta, mas acho que foi o suficiente para desenvolver razoavelmente bem a história. Para tentar vender o filme tem uns dialogos picantes no meio de um sexo a três. Não, não vemos o ato em si.

Só não entendi o motivo da câmera tremida. Acho que é porque o diretor quis dar ao filme um ar de documentário, para parecer algo um tanto real. Esse aspecto não funcionou muito bem.

Nota: 70