19.7.08

review: doomsday

Doomsday, 2008
Neil Marshall



"Em terra de infectados, quem é imune é rei"

Depois de presenciar esse diálogo, mais ou menos no final do filme, finalmente cheguei a conclusão de que Doomsday não foi feito para ser levado a sério. Ao longo de seus 110 minutos presenciamos muito sangue e pouca história. Um filme que se apresenta como nada mais do que uma brincadeira não está IMUNE a críticas, ainda mais quando ele não consegue gerar diversão o suficiente para nos fazer esquecer do seus problemas, como é o caso desse último trabalho de Neil Marshall.

Neil Marshall, hein? O que você fez? Com um início promissor no cenário mundial com o terror-claustrofóbico "O Abismo do Medo", o cineasta acaba desperdiçando o seu suposto talento numa empreitada digna de framboesa de ouro.


Acreditem ou não, existe um plot e ele é até bacana: A Escócia é tomada por um vírus altamente letal chamado de REAPER. Esse vírus é de fácil transmissão e em pouco tempo mata milhões de escoceses. A vizinha Inglaterra resolve construir uma barreira em volta da Escócia, deixando o povo a sua própria "sorte".

Em 2035 o virus reaparece, só que dessa vez na Inglaterra. A solução? Ir até a Escócia em busca de pessoas não-infectadas, que podem ser a fonte de uma cura. Quem pode comandar uma equipe para tal missão é a Marjor Eden Sinclair, uma moça que não leva desaforo para casa.

Parece que eu acabei dar vários spoilers, não é? Ledo engano. Tudo isso acontece em muito pouco tempo, o que é capaz de gerar uma certa confusão. Aliás, é nessa introdução que meu problema com o filme começa.


Sabe, no ínicio eu até tinha esperanças que poderíamos estar diante de um bom filme, que tratasse um mundo pré e pós-apocaliptico como ele de fato seria: com muita violência e despreparo do povo e das autoridades. Cenas que mostram o exército atirando a esmo e acertando meros civis, além de corroborarem com a verossimilhança desse novo e caótico mundo, cria um trágico e fiel paralelo com os acontecimentos recentes envolvendo policiais e suas desorganizadas ações.

Mas essa boa impressão foi se dizimando rapidamente. O que poderia gerar uma boa história, se fosse trabalhada com uma certa classe e com boas idéias, acaba se transformando num mar de cenas de ação frenéticas, com milhares de cortes, excessivamente barulhentas e que enjoam muito fácil.

O gore está presente em quase todo o filme. No começo é até legal e é capaz de deixar os mais sensíveis impressionados com alguma coisa, mas a sucessão de corpos despedaçados-queimados-amassados-cortados é tão grande que tudo isso acaba se transformando em algo caricatural e falso demais, gerando mais risadas do que qualquer outra coisa.


Neil Marshall não consegue utilizar um cenário como um mundo pós-apocaliptico para criar uma só cena que traga suspense ou apreensão satisfatórias por estarmos presenciando o fim da humanidade ou algo que o valha. Totalmente o oposto do que ocorreu em filmes como Exterminio, Eu sou a Lenda e Filhos da Esperança, não é mais?

A trilha sonora e os VILÕES acabam por deixar tudo pior. Sim, pior. A trilha parece que foi puxada de algum jogo de super-nintendo e a galera do mal são um bando de punk sem um pingo de inteligência, que teoricamente deveriam ser ameaçadores por parecerem com o pessoal barra-pesada de MAD MAX, mas esqueçam! Eles são mais burros e tapados do que o roteirista que os criou... que é o próprio Marshall... tsc!

Pra não dizer que de nada gostei, a cena que mostra a heroina lutando contra um gladiador dentro de uma arena é interessante, apesar dos ínumeros cortes. ARENA? GLADIADOR? Pois é... vejam por vocês se tiverem coragem e estiver com alto grau de tédio.

Nota: 40