16.7.08

review: o nevoeiro

O Nevoeiro, 2007
Frank Darabont



Stephen King é um escrito muito lido, mas também muito criticado. Muitas vezes ele é execrado pela critica por ter um estilo de escrita aparentemente muito simplório. Em partes eu até concordo. Ele realmente não tem o rebuscamento como a sua prioridade. Para ele basta inventar e contar uma história de uma forma agradavél, de fácil compreensão e que deixe os leitores sempre havidos para chegarem a página final. Se só existissem Jonhs Banville e Machados de Assis teriamos menos leitores no mundo ainda.

Uma constante na sua carreira é ter os seus livros adaptados para o cinema. Tivemo filmes que foram muito bem executados e chegaram a superar suas obras em termos de impacto e qualidade, como o Iluminado(Stanley Kubrick). Mas também houve coisas totalmente dispensáveis, como o recente Desespero, que é um bom livro, mas na telona perdeu muito de sua força.

O fato é que sempre que Stephen King trabalhou com o Frank Darabont tivemos excelentes resultados. Um sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre falam por eles mesmo. Agora, em O Nevoeiro, a dupla acerta novamente, criando um fantástico thriller de terror que não se limita apenas a sustos e sangue.


O Nevoeiro, na verdade é um dos vários contos presentes no livro Tripulação de Esqueletos. Não imaginava que ele poderia ter se transformado num filme tão bom.

A primeira cena que vemos é de David Drayton fazendo o seu trabalho na sala de sua casa. Ele cria cartezes para filmes e está prestes a acabar uma tela quando percebe uma tempestade grandiosa tomando forma. David não pensa duas vezes e leva sua esposa e seu filho para o porão.

Na manha seguinte eles se dão conta do estrago. Muitas árvores não resistiram e foram responsáveis por um cenário de destruição. Eles também percebem que há um nevoeiro vindo do mar, aparentemente, como outro qualquer.

David, seu filho e o vizinho Norton decidem ir até a cidade em busca de mantimentos. No mercado, eles percebem uma movimentação estranha de militares, indicando que havia alguma coisa de errado. Não demora muita e o Nevoeiro se mostra como uma verdadeira ameaça, matando todos que ele vê pela frente. Os três decidem permanecer no mercado, assim como o resto dos clientes.




É uma situação um tanto absurda, mas a competência do elenco me fez esquecer disso. Passei a me envolver com os personagens e com os acontecimentos de uma maneira que é rara de acontecer.

As pessoas do mercado se monstram céticas quanto ao que está acontecendo. Afinal, como um nevoeiro pode simplesmente matar alguém? É interessante, que mesmo não acreditando, eles ficam com medo de deixar o local.

O filme trabalha com maestria como uma situação extrema pode influenciar as pessoas, como o medo pode impulsionar diversos tipos de ações e reações.

Temos uma personagem responsável por um dos pontos altos do filme. É a Mrs. Carmody, interpretada com um desempenho acima da média por Marcia Gay Harden. Desde quando o Nevoeiro aparece e supostamente tras com ele mortes e caos, ela começa a dizer que isso não é nada mais, nada menos, do que o juizo final. É a ira de Deus se fazendo presente. É Deus cansado de tantos pecadores. No começo todos olham com desconfiança para ela, mas numa situação de desespero como essa, as pessoas tendem a se apegar em qualquer tipo de explicação.

Mrs. Carmody não deixa de ser um tipo de vilã e confesso que fiquei mais com medo dela do que do Nevoeiro. Que oratória! Que persuassão!

É um daqueles filmes que não temos certeza de que tudo acabará bem, muito pelo contrário. Não há esperança. Não há saida. O terceiro alto é algo de espetacular. Segurando quem quer que seja na poltrona até a improvável resolução.

Magnifico!

Nota: 88