21.1.08

the brave one.

* Valente, 2007
Neil Jordan

É interessante ver um filme discutindo ou pelo menos apresentando um assunto bem atual com competência. Não é raro encontrarmos em jornais noticias como essas: Um motorista bebado atropela e mata uma criança, populares que presenciaram o fato se revoltam e o espancam até a morte. Um ladrão invade uma casa, ameaça a dona, mas é surpreendido pelo filho da mulher, que acaba matando-o.

Sim, esse é um dos temas que esse novo filme do Neil Jordan, fazer justiça com as próprias mãos é algo certo?

Erica Bain está prestes a se casar com David. Eles vivem um amor bem intenso e estão felizes, pois logo poderão compartilhar das coisas boas que o casamento tras. Parecia um dia como outro qualquer, quando eles decidem levar o cão para um passeio no central park. Só que esse passeio vai mudar a vida de Erica para sempre. Os dois são atacados por bandidos que acabam matando David e deixando Erica em coma.

Erica se recupera fisicamente, mas não psicologicamente. Com bastante qualidade, Neil Jordan consegue transmitir o medo que Erica passou a ter. O trauma do assassinato do futuro marido está presente em todo o lugar que ela vai. Erica fica insegura até mesmo no hall de entrada de seu prédio, e quando está na rua, os passos que ouvem parecem de alguém querendo persegui-la.

Ela está com tanto medo que decide comprar uma arma. Mas ai ela decide dar um basta. CHEGA. Ela não vai mais admitir se sentir impotente na presença de bandidos. Ela virou uma Justiceira, buscando o prazer da vingança.

Assunto complicado. Será que podemos julgar quem deve e quem não deve morrer? O programa de rádio comandado por Erica abre espaço para os ouvintes discutirem isso, e tudo acaba se resumindo em dois argumentos: Um Justiceiro faz um favor para outras pessoas, livrando-as de malfeitores. E um justiceiro é tão mal quanto os que ele mata, e alem de tudo pode acabar matando alguém que não mereça.

Existe uma certa personagem um tanto irritante, a vizinha de Erica, que acaba funcionando como um grilo falante, é consciência de Erica tentando averiguar o que é o certo e o que é errado.

Um filme que trabalhou bem essa questão toda é o Tempo de Matar, no qual o personagem de Samuel L. Jackson decide matar os assassinos de sua filha e nesse caso, ele ganhou o respaldo da justiça, ao não ser condenado a prisão.

E nesse caso, a justiça está representada pelo Detetive Mercer, interpretado pelo cada vez mais brilhante Terrence Howard.

Um bom filme malhado pela critica, que talvez tenha se decepcionando com o final, que acabou indo na contra-mão do que estava se desenhando, e isso não é um "twist", mas sim uma grande falha do roteiro, que deve ter alegrado uma pessoa, o lendário John Doe, de Seven.