16.1.08

charlie wilson´s war

* Jogos do Poder, 2007
Mike Nichols

Esse filme concorreu ao globo de ouro na categoria melhor filme comédia/musical, algo que não estou de acordo. Obviamente, ele não é um musical e nem uma comédia propriamente dita. O que temos aqui é uma sátira politica de qualidade, cujo roteiro foi feito por um cara competente chamado Aaron Sorkin, responsável pela cultuada série política The West Wing, pelo filme Questão de Honra e também pela aclamada série Studio 60, que foi um dos destaques do ano passado, principalmente pelo roteiro inteligente.

Anos 80, periodo da guerra-fria entre os EUA e a União Soviética. O personagem principal, Charlie Wilson, trabalha no congresso americano e tenta convecer os politicos a liberarem mais dinheiro para a CIA treinar os afegãos na luta contra os soviéticos, que haviam invadido e conquistado seu país.

Charlie Wilson a princípio não estava muito interessado nessa luta, mesmo sendo uma demonstração de poder dos comunistas. Isso muda quando ele faz uma visita ao presidente do Paquistão, que clama por uma ajuda mais substancial dos americanos. Charlie só se comove quando é apresentado a um campo de refugiados afegãos, que sairam de sua terra natal para evitar o sofrimento nas mãos dos russos. Esse é um dos poucos momentos mais sérios do filme. Que momento! O diretor Mike Nichols foi habilidoso ao mostrar todo o desespero dos afegãos e de uma forma bem contundente, principalmente quando somos apresentados a duas crianças que perderam seus membros graças a uma bomba. O plano aberto apresentando todo o imenso tamanho do lugar também é digno de nota. Assim como Charlie, ficamos comovidos.

O fato é que o filme puxa mais para a sátira, geralmente com uma critica embutida, como quando acompanhamos os políticos tomarem decisões importantes, que podem levar a morte de muitas pessoas, tomando whisky em meio a banhos de banheira acompanhados por strippers e equivalentes.

No mais, Jogos do Poder merece ser visto, ainda que com certas ressalvas, pois aqui há uma linha bem tênue entre a sátira e a seriedade, e o filme não se decide em qual lado ficar.

Destaque para a atuação de Philip Seymour Hoffman. Esse cara é sinistro. Não importa o papel que ele faça, sempre está seguro de si e sempre sabe cativar o público.